“Por causa disso, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza...” – 2Co 12:8-9
O homem religioso é cheio de muitos desejos. No seu dia-a-dia, em seu relacionamento com Deus, vive a espera de grandes manifestações miraculosas, seja com o fim de ter suas necessidades materiais providas ou de ser livrado de algum infortúnio que o incomoda.
Nessa expectativa, na maioria das vezes alimentada por uma compreensão equivocada das Escrituras, estabelece um rol de “prioridades”, as quais não constituem verdadeiras necessidades. Antes, pelo contrário, constituem a expressão de um coração não transformado e de uma alma egoísta, a qual busca a Deus, não pelo que Ele é, mas pelo que Ele pode fazer.
O coração de um discípulo autêntico é caracterizado pelo serviço incondicional a Deus, movido tão somente pela visão de que Deus é o Senhor de todas as coisas. Tal visão é sustentada pela confiança na fidelidade de Sua Palavra, na certeza de que Deus é o nosso Pastor e de que Ele sabe de todas as nossas necessidades (Mt 6:32). Razão pela qual não precisamos andar ansiosos. Basta que tornemos conhecidas, diante de Deus, as nossas petições, porque Ele tem cuidado de nós (Fp 4:6; I Pe 5:7).
O apóstolo Paulo é um exemplo perfeito de um verdadeiro discípulo. A luz que brilhou sobre ele no caminho de Damasco lhe mostrou o caminho do discipulado. Quando, ao meio dia, resplandeceu do céu a grande luz, dissipou as densas trevas de seu coração, o qual não conhecia outra maneira de servir a Deus, senão a do relacionamento condicional: obras meritórias humanas que resultam em recompensas divinas.
Agora, andando sob a luz da revelação de Damasco, abriu mão de tudo aquilo que, outrora, lhe era lucro (Fp 3:7), e se sujeitou a viver [contente] em toda e qualquer situação, fosse ela de humilhação ou de honra; tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez (Fp 4:11-12). Por isso, pôde declarar as memoráveis e tão conhecidas palavras: “Tudo posso naquele que me fortalece” (v. 13). Foi este testemunho que lhe deu autoridade para ensinar e ratificar o ensino de Cristo, conforme está em I Tm 6:8: “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes”.
Além desse espírito despojado, Paulo ainda carregava consigo um “espinho na carne” – um mensageiro de satanás que o precedia, de cidade em cidade – para o esbofetear (2Co 12:7 cf. At 20:23). Por causa disso, orou três vezes ao Senhor, pedindo-lhe que lhe tirasse esse espinho. Mas o Senhor lhe respondeu: “...A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza...” (2Co 12:9).
Essa é a essência do discipulado. O poder de Deus é cristalizado, em muito maior excelência, na fraqueza, e não nas realizações de grandes proezas. A expressão de uma vida piedosa em meio às fraquezas humanas constitui a maior demonstração do poder de Deus. Eis a razão porque o Cristo crucificado, exposto ao mundo em fraqueza, é o PODER DE DEUS para todos os que crêem, “porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a FRAQUEZA de Deus é MAIS FORTE do que os homens” (I Co 1:23 - 25).
Portanto, enquanto peregrinos nesta terra, a despeito de quantas tribulações passemos, o que há de maior importância é a graça de Deus que nos capacita a vencê-las. É a graça que nos habilita a ter sempre nos lábios um louvor de adoração ao nosso Deus, não pelo que Ele pode fazer, mas por tudo o que Ele é, conforme está escrito: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu em alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente” (Hc 3:17-19).
Pr. Alexandre Rodrigues
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