** Albert Mohler Jr.
Através do séculos, os cristãos têm se deparado com esta pergunta inquietante: como devemos viver como cristãos em uma cultura secular? Essa pergunta atinge o âmago do discipulado cristão, do significado do evangelho e dos desafios da igreja neste século, assim como nos tempos anteriores.
Chamada do mundo como um “povo especial” e encarregada de ser sal e luz, em mundo rebelde, que está nas trevas, a igreja tem lutado perpetuamente com o mandamento de estar “no mundo” e não ser “do mundo”. Infelizmente, o mundo tem influenciado a igreja mais do que esta o tem influenciado.
A realidade de nossa vocação e o caráter revolucionário da fé cristã são mais evidentes no Sermão do Monte. Dirigindo-se aos seus discípulos, Jesus falou com franqueza e amabilidade, estabelecendo a norma do reino de Deus em meio a uma cultura rebelde e ímpia.
Os cristãos têm lutado com o significado do Sermão do Monte desde que aqueles primeiros discípulos ouviram o seu Senhor apresentar esses ensinos naquela colina pastoril. A dificuldade se resume nisso: há alguma maneira de escapar do significado evidente do sermão? Aqueles que cobiçam em seu coração cometem realmente adultério? Devemos mesmo arrancar os olhos que nos fazem tropeçar e cortar as mãos que pecam? Devemos sempre oferecer a outra face do rosto e andar a segunda milha, amar nossos inimigos e bendizer os que nos maldizem?
As palavras de Jesus penetram como o bisturi de um cirurgião até aos aspectos mais profundo do discipulado cristão. Vivemos dessa maneira?
Com toda a honestidade, a igreja não pode relegar o Sermão do Monte a uma época posterior, limitar sua aplicação aos primeiros discípulos e evadir-se de seus ensinos por meio de alegoria e de explicação infundada. À semelhança de litigantes à procura de brechas em um contrato, alguns cristãos têm se empenhado por achar uma maneira de abrandar o impacto do Sermão do Monte e estabelecer um modo de discipulado mais cômodo e fácil.
No entanto, por mais que o mudemos, não podemos escapar do Sermão do Monte, pois temos apenas um Senhor, e o sermão é a sua manifestação para a igreja, sua noiva e seu corpo.
O sermão deve ser entendido como um todo, e suas várias seções não devem ser removidas de seu contexto. Jesus começa com bênçãos — as Bem-Aventuranças —, passa aos imperativos morais e, depois, nos ensina a Oração do Pai Nosso e os aspectos do discipulado na igreja.
Jesus não estava transmitindo um novo legalismo. A salvação é sempre pela graça, e o Sermão do Monte não é um catálogo de qualidades morais que nos torna dignos da salvação. Jesus não substituiu o legalismo dos fariseus com outro legalismo. Em vez disso, ele estava estabelecendo a norma do reino de Deus e deixando clara a visão moral transformadora de cidadãos do reino dos redimidos.
Jesus não estava retratando um quadro vívido de uma realidade distante. Embora o reino não esteja em sua plenitude neste mundo, ele está em parte e em verdade por meio da pessoa e da obra de Jesus Cristo. Nosso cumprimento dos imperativos morais e do estilo de vida proposto no Sermão do Monte é, como a própria salvação, uma questão de graça e não de fidelidade humana. Contudo, somos todos chamados e recebemos nossas ordens de marcha. Conforme comentou R. T. France: “O ensino do Sermão do Monte não é para ser admirado, e sim para ser obedecido”.
A igreja é, como John Stott a descreveu, a “contra-cultura” cristã de Deus. O Sermão do Monte é a chamada de Cristo a uma contra-revolução cristã. Nenhuma força da terra pode enfrentar a influência de discípulos cristãos que dão testemunho da salvação em Jesus Cristo e exibem um estilo de vida conveniente aos cidadãos do Reino.
É assim que os cristãos travam a guerra cultural. Não com armamentos, não com artilharia, não com espada, mas com o Espírito. As batalhas têm de ser travadas nos tribunais, nas escolas e no mercado de idéias. Todavia, elas são realizadas com o caráter, e não com coerção; com a verdade, e não com terrorismo. Os contra-revolucionários de Deus portam a marca do Cristo crucificado e ressurreto e guiam sua vida pelos preceitos do reino eterno.
O mundo nunca precisou tanto da contra-revolução cristã. Vivendo o Sermão do Monte, mostraremos ao mundo como viver de um modo diferente – um modo cuja única explicação é o senhorio incondicional de Jesus Cristo.
** Dr. Albert Mohler é o presidente do Southern Baptist Theological Seminary, pertencente à Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos; é pastor, professor, teólogo, autor e conferencista internacional, reconhecido pela revista Times como um dos principais líderes entre o povo evangélico norte-americano. É casado com Mary e tem dois filhos, Katie e Christopher.
Traduzido por: Wellington Ferreira
Copyright:
© R. Albert Mohler Jr.
Traduzido do original em inglês: Joining the Christian Counter-Revolution.
www.albertmohler.com
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