quinta-feira, 31 de março de 2011

Refrigerando o inferno: Como Acontece o Liberalismo


** Albert Mohler Jr.

Os teólogos liberais não tencionam destruir o cristianismo, e sim salvá-lo. Na verdade, o liberalismo teológico é motivado pelo que pode ser descrito como motivação apologética. O padrão do liberalismo teológico é muito claro. Os teólogos liberais estão absolutamente certos de que o cristianismo precisa ser salvo... de si mesmo.

LIBERALISMO: SALVANDO O CRISTIANISMO DE SI MESMO

Os liberais clássicos do início do século XX, conhecidos como modernistas, ressaltaram uma ampla mudança intelectual na sociedade e afirmaram que o cristianismo teria de mudar ou morrer. Como explica o historiador William R. Hutchison: “A marca peculiar do modernismo é a insistência de que a teologia tem de adotar uma atitude simpática para com a cultura secular e se esforçar, conscientemente, para concordar com ela”.[i]

Essa concordância com a cultura secular está profundamente arraigada no senso de libertação intelectual que começou no Iluminismo. O liberalismo protestante pode ter sua origem em fontes européias, mas chegou bem cedo na América – mais cedo do que muitos evangélicos contemporâneos estão conscientes. A teologia liberal exerceu grande influência onde dominava o unitarianismo e em muitos lugares além.

Logo depois da Revolução Americana, surgiram formas mais organizadas de teologia liberal, fomentadas por um senso de revolução e liberdade intelectual. Teólogos e pregadores começaram a questionar as doutrinas do cristianismo ortodoxo, afirmando que doutrinas como o pecado original, a depravação total, a soberania divina e a expiação vicária violavam os sensos morais. William Ellery Channing, um influente unitariano, falou por muitos de sua geração quando descreveu “o choque dado à minha natureza moral” pelos ensinos do cristianismo ortodoxo.[ii]

Embora certo número de crenças centrais e doutrinas essenciais tenha sido submetidos a revisão liberal ou a rejeição franca, a doutrina do inferno foi muitas vezes objeto de maior protesto e negação.

Considerando o inferno e suas doutrinas relacionadas, o pastor congregacionalista Washington Gladden declarou: “Ensinar uma doutrina como essa a respeito de Deus é infligir ao cristianismo uma injúria terrível e subverter os próprios alicerces da moralidade”.[iii]

O inferno tem sido um componente da teologia cristã desde a época do Novo Testamento, mas se tornou um odium theologium – uma doutrina considerada repugnante pela maioria da cultura e agora mantida e defendida somente por aqueles que vêem a si mesmos como conscientemente ortodoxos no compromisso teológico.

O romancista David Lodge fixou a década de 1960 como a data do desaparecimento final do inferno. “Em algum ponto nos anos 1960, o inferno desapareceu. Ninguém pode dizer ao certo quando isso aconteceu. Primeiro, ele estava lá; então, sumiu”. O historiador Martin Marty, da Universidade de Chicago, viu a transição como simples e, pelo tempo em que ela ocorreu, não percebida. Ele afirmou: “O inferno desapareceu, e ninguém percebeu”.[iv]

Os teólogos e pregadores liberais que rejeitaram conscientemente o inferno fizeram isso sem negar que a Bíblia ensina com clareza a doutrina. Eles apenas afirmaram a autoridade mais elevada do senso de moralidade da cultura. A fim de salvar o cristianismo do prejuízo moral e intelectual causado pela doutrina, o inferno simplesmente teve de ir embora. Muitos rejeitaram a doutrina com prazer, reivindicando o mandado de atualizar a fé em uma nova era intelectual.

E os evangélicos de nossos dias? Embora alguns satirizem a típica pregação “lago de fogo e enxofre” da antiga geração de evangélicos, o fato é que a maioria dos membros de igreja pode nunca ter ouvido um sermão sobre o inferno – mesmo em uma igreja evangélica. O inferno se tornou obsoleto também entre os evangélicos?

REVISANDO O INFERNO: UM TESTE PARA O DESLIZE RUMO AO LIBERALISMO

Interessantemente, a doutrina sobre o inferno serve como um teste para o deslize rumo ao liberalismo. O padrão desse deslize é algo assim.

Primeiramente, uma doutrina deixa de ser mencionada. Com o passar do tempo, ela nunca é abordada ou apresentada no púlpito. Muitos congregantes nem sentem falta da menção da doutrina. À medida que o tempo passa, diminui o número daqueles que a mencionam. A doutrina não é negada nem ignorada, porém é mantida à distância. Sim, admite-se, essa doutrina tem sido crida pelos cristãos, porém não é mais um assunto que precisa ser enfatizado.

Em segundo, a doutrina é revisada e mantida em forma reduzida. Deve ter havido boas razões por que os cristãos creram historicamente no inferno. Alguns teólogos e pastores dirão que existe uma afirmação de moralidade essencial a ser preservada, talvez algo como o que C. S. Lewis chamou de “The Tao”.[v] A doutrina é reduzida.

Em terceiro, a doutrina é submetida a uma forma de zombaria. Robert Schuller, da Crystal Cathedral, conhecido por sua mensagem de “Pensamento de Possibilidade”, descreveu sua motivação para reformulação teológica em termos de recentralizar a teologia em “gerar confiança e esperança positiva”.[vi] Seu método é mostrar a salvação e a necessidade de “tornar-nos pensadores positivos”.[vii] O pensamento positivo não enfatiza o escape do inferno, “o quer que isso signifique  ou o que quer seja isso”.[viii]

Essa afirmação ridiculariza o inferno por rejeitá-lo em termos de “o quer que isso signifique  ou o que quer seja isso”. Não se preocupe com o inferno, Schuller sugere. Embora pouco evangélicos adotem essa forma de ridicularização, muitos inventarão formas mais brandas de marginalizar essa doutrina.

Em quarto, uma doutrina é reformulada a fim de remover sua ofensa intelectual e moral. Os evangélicos têm submetido a doutrina do inferno a essa estratégia por muitos anos. Alguns negam que o inferno seja eterno, defendendo formas de aniquilamento ou imortalidade condicional. Outros negarão o inferno como um estado de tormento real. John Wenham afirma: “Tormento infindável fala-me de sadismo, e não de justiça”.[ix] Alguns afirmam que Deus não manda ninguém para o inferno e que este é apenas a soma total das decisões humanas feitas durante a vida terrena. Deus não é realmente um juiz que decide, e sim um árbitro que se assegura de que as regras sejam seguidas.

O pastor Ed Gungor, de Tulsa, escreveu recentemente que “as pessoas não são mandadas para o inferno, elas vão para lá”.[x] Em outras palavras, Deus respeita a liberdade humana ao ponto de que deixará relutantemente que os seres humanos determinados a ir para o inferno tenham o seu desejo.

DESCULPANDO-SE PELA DOUTRINA DO INFERNO: A NOVA EVASIVA EVANGÉLICA

Em anos recentes, surgiu um novo modelo de evasiva evangélica. Havendo rejeitado a veracidade das Escrituras, os liberais protestantes e modernistas do século XXI rejeitaram a doutrina do inferno. Eles não entraram em tentativas elaboradas de argumentar que a Bíblia não ensinava essa doutrina – ele apenas descartam-na.

Embora esse padrão de comprometimento se encontre entre muitos que dizem ser evangélicos, esse não é o padrão mais comum no meio evangélico. Uma nova apologia esta agora evidente entre alguns teólogos e pregadores que afirmam realmente a inerrância da Bíblia e a veracidade da doutrina do inferno no Novo Testamento. Essa nova apologia é mais sutil, com certeza. Nela, o pregador diz algo assim:

“Sinto muito por dizer-lhe que a doutrina do inferno é ensinada na Bíblia. Eu creio nessa doutrina. Creio nela porque é revelada na Bíblia. Ela não está aberta a renegociação. Nós a recebemos e cremos nela. Gostaria que ela não estivesse na Bíblia, mas está”.

Afirmações como essa revelam muito. A autoridade da Bíblia é claramente afirmada. O pregador afirma o que a Bíblia revela e rejeita acomodação. Até aqui, tudo bem. O problema está em como a afirmação é introduzida e explicada. Em um gesto de desculpas, a doutrina é lamentada.

O que isso diz a respeito de Deus? O que isso significa quanto à verdade de Deus? Pode uma verdade ensinada com clareza na Bíblia ser ruim para nós? A Bíblia apresenta o conhecimento do inferno tal como apresenta o conhecimento do pecado e do julgamento: essa são coisas que precisamos saber. Deus nos revela essas coisas para o nosso bem e nossa redenção. À luz disso, o conhecimento dessas coisas é graça para nós. Desculpar-se por uma doutrina equivale a impugnar o caráter de Deus.

Cremos que o inferno faz parte da perfeição da justiça de Deus? Se não, temos problemas teológicos maiores do que os problemas relacionados ao inferno.

Vários anos atrás, alguém sugeriu com sabedoria que muitos bons cristãos modernos queriam “refrigerar o inferno”.[xi] O esforço continua.

Lembre que os liberais e os modernistas agiram com base em uma motivação apologética. Eles queriam salvar o cristianismo como uma mensagem relevante em um mundo moderno e remover o detestável obstáculo do que era visto como doutrinas repugnantes e desnecessárias. Queriam salvar o cristianismo de si mesmo.

Hoje, alguns movimentos como a Igreja Emergente recomendam esse mesmo procedimento, por razões idênticas. Somos embaraçados pela doutrina bíblica do inferno?

Se isso é verdade, esta geração de evangélicos não terá falta de embaraços. O contexto intelectual presente não permite quase nenhum respeito pelas afirmações cristãs quanto à exclusividade do evangelho, a natureza do pecado humano, os ensino da Bíblia sobre a sexualidade humana e várias outras doutrinas reveladas na Bíblia. A lição do liberalismo teológico é clara – o embaraço é o sentimento inicial que conduz à acomodação e à negação teológica.

Tenha certeza disto: o embaraço não parará na refrigeração do inferno.

Pensamentos sobre leitura



** Albert Mohler Jr.

Eu realmente não me recordo de um tempo em que eu não apreciasse ler livros. Sei que eu era ávido para aprender a ler e rapidamente me vi imerso no mundo dos livros e da literatura. Isso pode ter sido um tipo de sedução, e o discípulo cristão deve estar sempre alerta para conduzir seus olhos para livros que merecem a atenção de um discípulo de Cristo – e existem muitos desses livros. Como Salomão nos exortou: “Não há limite para fazer livros” (Ec 12.12). É impossível ler tudo o que existe, e nem tudo o que existe merece ser lido. Digo isso com o objetivo de me opor ao conceito de que qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode dominar o conteúdo de tudo quanto lê. Eu leio muito, e boa parte do tempo em que estou acordado é dedicado à leitura. A leitura devocional para o benefício espiritual é uma parte importante do dia, e ela começa com a leitura das Escrituras. Em se tratando de administração do tempo, não sou muito ortodoxo. Para mim, a melhor hora para gastar tempo na Palavra é tarde da noite, quando tudo está quieto e tranqüilo, e estou com a mente alerta e bem acordado. 

Isso não acontece quando levanto pela manhã e tenho que me esforçar para encontrar cada palavra na página ou fazer qualquer outra coisa. Eu leio muitos livros no decorrer de uma semana. Sou consciente do quanto posso prosperar em erudição e do estímulo intelectual que recebo através da leitura. Como minha esposa e família diria, posso ler quase em todo o tempo, em qualquer lugar, em quaisquer circunstâncias. Sempre carrego um livro comigo, e sou conhecido por separar alguns momentos para ler enquanto o semáforo está fechado. Não, eu não leio enquanto estou dirigindo – apesar de admitir que, às vezes, isto é uma tentação. Eu levava livros para os eventos esportivos do ensino médio, quando eu tocava na banda. (E havia uma porção de vaias e gozações!) Lembro-me dos livros... e você, lembra dos jogos?

Algumas sugestões inicias:

1. Mantenha projetos regulares de leitura. Organizo minhas estratégias de leitura em seis categorias: teologia, estudos bíblicos, vida na igreja, história, estudos sobre culturas e literatura. Sempre tenho alguns projetos em andamento, em cada uma dessas categorias. Seleciono livros para cada projeto, e os leio de capa a capa em um determinado período de tempo. Isso me ajuda a ter disciplina em minhas leituras e me mantém trabalhando em diversas áreas.

2. Trabalhe com porções maiores das Escrituras. Estou terminando uma série de exposições no livro de Romanos, pregando versículo após versículo. Tenho pregado e ensinado diversos livros da Bíblia nos últimos anos e planejo minhas leituras de modo a continuar progredindo. Estou passando para o livro de Mateus, coletando informações e seguindo em frente – ainda não planejei mensagens específicas, mas estou lendo para absorver o máximo possível de obras valiosas a respeito do primeiro evangelho. Leio constantemente obras de teologia bíblica e estudos exegéticos.

3. Leia todos as obras de alguns autores. Escolha com cuidado, mas identifique alguns autores cujos livros mereçam sua atenção. Leia tudo o que eles escreveram, observe como suas mentes trabalham e como desenvolvem seus pensamentos. Nenhum autor pode completar seus pensamentos em um único livro, não importando o quão extenso seja.

4. Adquira uma coleção grande e leia todos os volumes. Sim, invista nas obras de Martinho Lutero, Jonathan Edwards e outros. Estabeleça um projeto para si mesmo e leia toda a coleção. Gaste tempo nisso. Você ficará surpreso em ver que chegará mais longe do que espera, em menos tempo do que imagina.

5. Permita-se ler algo por entretenimento e aprenda a apreciar a leitura através de livros agradáveis. Gosto de muitas áreas da literatura, mas realmente amo ler biografias e obras históricas, em geral. Além disso, aprecio muito a ficção de qualidade e obras literárias conceituadas. Quando garoto, provavelmente descobri meu amor pela leitura através desse tipo de livro. Sempre que possível, separo algum tempo, a cada dia, para fazer esse tipo de leitura. Viva com um pouco de emoção.

6. Faça anotações em seus livros, sublinhe-os; mostre que são seus livros. Os livros são feitos para serem lidos e usados, e não colecionados e mimados. Abra uma exceção para aqueles livros raros dos antiquários, aqueles que são considerados tesouros por causa de sua antiguidade. Não deixe marcas de caneta em uma página antiga, nem use um marcatexto em um manuscrito. Invente o seu próprio sistema ou copie-o de alguém, mas aprenda a dialogar com o livro, com uma caneta na mão. Gostaria de escrever mais sobre este assunto, mas preciso continuar minhas leituras. Retornarei a ele mais tarde. Por agora: Tolle, lege!

** Dr. Albert Mohler é o presidente do Southern Baptist Theological Seminary, pertencente à Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos; é pastor, professor, teólogo, autor e conferencista internacional, reconhecido pela revista Times como um dos principais líderes entre o povo evangélico norte-americano. É casado com Mary e tem dois filhos, Katie e Christopher.

Mantendo a Fé numa Época de Incredulidade: A Igreja como a Minoria Moral


** Albert Mohler Jr.
“A questão mais importante de nosso tempo”, propôs o historiador Will Durant, “não é o comunismo versus o individualismo, nem a Europa versus a América do Norte, nem o Oriente versus o Ocidente. É se os homens podem viver sem Deus”. Essa pergunta, conforme parece, será respondida em nosso próprio tempo.

Durante séculos a igreja cristã foi o centro da civilização ocidental. A cultura, o governo, as leis e a sociedade do Ocidente estavam alicerçados em princípios explicitamente cristãos. Preocupação com o indivíduo, compromisso com os direitos humanos e respeito pelo que é bom, belo e verdadeiro – tudo isso se desenvolveu de convicções cristãs e da influência do cristianismo.

Todas essas coisas, apressamo-nos a dizer, estão sob ataque. A própria noção do certo e do errado tem sido descartada por grandes setores da sociedade. Onde ela não é descartada, é freqüentemente depreciada. Agindo à semelhança dos personagens de Alice no País das Maravilhas, os secularistas modernos declaram o errado como certo e o certo como errado.

O teólogo quacre D. Elton Trueblood descreveu a nossa sociedade como uma “civilização sem raízes”. Nossa cultura, ele argumentou, está cortada de suas raízes cristãs, como uma flor cortada de seu caule. Embora a flor mantenha a sua beleza por algum tempo, está destinada a murchar e morrer.

Quando esse teólogo falou tais palavras há mais de duas décadas, a flor podia ser vista com algumas cores e sinais de vida. Mas o botão perdeu há muito a sua vitalidade, e agora é o tempo em que as pétalas caídas devem ser reconhecidas.

“Quando Deus está morto”, asseverou Dostoievsky, “qualquer coisa é permissível”. Não podemos exagerar quanto à permissividade da sociedade moderna, mas tal permissividade tem sua origem no fato de que o homem e a mulher modernos agem como se Deus não existisse ou fosse incapaz de cumprir sua vontade.

A igreja cristã encontra-se agora diante de uma nova realidade. Ela já não representa a essência da cultura ocidental. Embora permaneçam focos de influência cristã, eles são exceções e não a regra. Na maior parte da cultura, a igreja foi substituída pelo domínio do secularismo.

Os jornais cotidianos apresentam um transbordamento constante de notícias que confirmam o estado atual de nossa sociedade. Esta época não é a primeira a contemplar horror e mal indescritíveis, mas é a primeira que nega qualquer base consistente que identifica o mal como mal e o bem como bem.

Em geral, a igreja fiel é tolerada como uma voz na arena pública, mas somente enquanto não tenta exercer qualquer influência confiável no estado das coisas. Se a igreja fala com veemência sobre um assunto do debate público, é censurada como coerciva e ultrapassada.

O que a igreja pensa a respeito de si mesma em face desta nova realidade? Durante os anos 1980, foi possível pensar em termos ambiciosos, como a vanguarda de uma maioria moral. Essa confiança foi seriamente abalada pelos acontecimentos da década passada.

Podemos detectar pouco progresso em direção ao restabelecimento de um centro de gravidade moral. Em vez disso, a cultura se moveu rapidamente em direção ao abandono completo de toda convicção moral.

A igreja professa tem de contentar-se agora em ser uma minoria moral, se o tempo assim o exige. A igreja não tem mais o direito de atender à chamada do alarme secular tendo em vista o revisionismo moral e posições politicamente corretas sobre as grandes questões do momento.

Não importa qual seja a questão, a igreja tem de falar como aquilo que ela realmente é: uma comunidade de pessoas caídas mas redimidas, que permanecem sob a autoridade de Deus. A preocupação da igreja não é conhecer a sua própria mente, e sim conhecer e seguir a mente de Deus. As convicções da igreja não devem emergir das cinzas de nossa sabedoria decaída, e sim da Palavra de Deus determinativa, que revela a sabedoria de Deus e os seus mandamentos.

A igreja tem de ser uma comunidade de caráter. O caráter produzido por um povo que vive sob a autoridade do soberano Deus do universo estará inevitavelmente em conflito com uma cultura de incredulidade.

A igreja está diante de uma nova situação. Este novo contexto é tão atual como o jornal matutino e tão antigo como as primeiras igrejas cristãs em Corinto, Éfeso, Laodicéia e Roma. A eternidade mostrará se a igreja está ou não disposta a submeter-se apenas à autoridade de Deus ou se ela renunciará sua chamada a fim de honrar deuses insignificantes.

A igreja precisa despertar para o seu status como minoridade moral e apegar-se firmemente ao evangelho, cuja pregação nos foi confiada. Ao fazer isso, as fontes profundas da verdade imutável revelarão a igreja como um oásis doador de vida em meio ao deserto moral de nossa sociedade.
Dr. Albert Mohler é o presidente do Southern Baptist Theological Seminary, pertencente à Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos; é pastor, professor, teólogo, autor e conferencista internacional, reconhecido pela revista Times como um dos principais líderes entre o povo evangélico norte-americano. É casado com Mary e tem dois filhos, Katie e Christopher.

Traduzido por: Wellington Ferreira
Copyright:
© R. Albert Mohler Jr.
Traduzido do original em inglês:
Keeping The Faith In a Faithless Age: The Church As The Moral Minority.

Comunicação por Meio da Tecnologia da Internet



 ** David Clark

No artigo anterior, vimos como a Internet pode ser utilizada para o bem ou para o mal. Neste artigo, passaremos a observar em detalhes, algumas das tecnologias-chave que têm sido fornecidas pela revolução da Internet. Consideraremos especificamente toda a questão da comunicação, desde as mensagens de texto até e-mail, Twiter e Skype. Essa é uma esfera repleta de problemas perturbadores, profundos e reais, mas que, utilizada com sabedoria, pode produzir imensos benefícios, tanto para indivíduos como para organizações.

DIRIGINDO “TEXTOLIZADO”

Em 2007, Brandi Terry, uma estudante de 17 anos, residente no estado de Utah, ia visitar seu avô, quando ultrapassou o sinal vermelho e bateu. Numa entrevista de rádio,[i] ela recordou o que aconteceu:

“Acordei com uma luz brilhante... mal podia abrir os olhos... e os para-médicos. Um homem dizia: ‘Brandi, Brandi’, e comecei a chorar. Não sabia o que havia acontecido”. Terry estava com o tornozelo direito despedaçado e com o antebraço direito quebrado em dois. Ficou sem andar por sei meses. Quando os policiais checaram seu celular, descobriram que ela havia enviado uma mensagem segundos antes do acidente. Mesmo após a recuperação, ela continuou a falar de seu hábito de enviar mensagens ao dirigir. Ela disse: “Tentava arduamente não fazer isso. E cheguei ao ponto de fazê-lo somente uma vez a cada cinco minutos”. “Não sei... isso causa dependência, não consigo parar”. Então, por que ela faz isso?

Num relatório da BBC, de março de 2008, o professor Cary Cooper, conselheiro do governo britânico na questão do estresse no ambiente de trabalho, sugeriu que “o e-mail é o fator de estresse mais nocivo de nossa época”.[ii] Ele continuou, dizendo que os britânicos tiram 14 milhões de licenças médicas ao ano, devidas ao estresse, e que o e-mail é a maior fonte de ansiedade entre os funcionários: “Estamos ligados 24 horas por dia, sete dias por semana; conectados pelo celular, pelo Blackberry, pelos e-mails e por toda gama de tecnologias, de modo que estamos de plantão em quase todo tempo”.

Para onde quer que olhemos, encontramos pessoas viciadas em checar mensagens no celular. Como é comum ver fileiras de adolescentes sentados juntos, grudados nos celulares, com os fones de ouvido firmes no lugar, cogitando se, de fato, estão se comunicando, por meio das mensagens de texto!

Os adolescentes não são os únicos culpados desse tipo de comportamento, e qualquer um que já esteve num vôo é testemunha disso. Assim que o avião aterrissa, são colocados para fora os celulares, os Blackberries ou iPhones para checar cada mensagem que pode ter acabado de se perder!

Ou considere o caso recente de um homem que, ao ser entrevistado por um diretor de escola, ficava checando o celular em meio à entrevista, sempre que recebia uma mensagem de texto. Ele não conseguiu o emprego!

ISSO ME DIZ RESPEITO

Por que fazemos isso? Por que muitos estão viciados nesse novo tipo de mídia? “Viciados”, segundo o Dicionário Webster é “render-se a algo de modo obsessivo ou habitual”.

Isso não seria a parte pecaminosa da natureza humana egoísta, fazendo-nos pensar que somos indispensáveis? Ainda mais quando ficamos viciados em e-mail, mensagens de texto, twiter ou em inúmeras formas novas de comunicação. Isso é o oposto do que lemos em Filipenses 2.3: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo”.

VOCÊ USA O TWITER?

Outra tecnologia nova que tem atordoado as pessoas é o Twiter. Teve início em 2006 e tem experimentado um aumento mensal de 1,382% no número de usuários! O Twiter é um serviço que possibilita que seus usuários enviem e leiam mensagens com até 140 caracteres, conhecidas como “tweets”. Qualquer pessoa pode se inscrever para receber esses “tweets”. Algumas das maiores estrelas da indústria de entretenimento e alguns políticos possuem uma imensidão de seguidores. Três milhões e meio de pessoas seguem cada “tweet” enviado por Britney Spears, ao passo que dois milhões e meio delas precisam saber sobre cada passo de Barack Obama. Será que isso faz com que as pessoas se sintam mais “perto” de seus artistas e políticos favoritos?

HÁ O LADO BOM

Entretanto, muito pode ser dito em favor dessa nova mídia. Considere, por exemplo, as organizações missionárias, que podem reduzir seus custos de modo considerável, substituindo as cartas por e-mails. Num instante, elas podem informar as pessoas sobre seus pedidos de oração, circunstâncias difíceis ou motivos para se alegrarem. Organizações como a “Christian Institute” e outras estão utilizando o Twiter para manter seus assinantes informados sobre avanços significativos.

Ou pense nos pais que estão separados de seus filhos casados e netos, que agora podem vê-los e conversar com eles por meio de serviços gratuitos de vídeos na Internet, como o Skype. Hoje em dia, o mundo é um lugar muito menor!

Por exemplo, o Twiter foi o cerne de protestos recentes no Irã, pois além de ser muito fácil de ser utilizado por um cidadão comum, é também muito difícil de ser controlado por uma autoridade central. De modo semelhante, as mensagens de texto podem ser de grande valor em momentos de emergência.

Tudo isso tem mudado a forma como interagimos uns com os outros e sem dúvidas, tem contribuído para elevar os níveis de estresse, já que as pessoas agora estão disponíveis todo o tempo. Os patrões dão um Blackberry aos seus empregados e esperam poder requisitar seus serviços a qualquer hora do dia ou da noite!

E essa mudança veio para ficar, conforme os serviços postais poderão comprovar, com uma queda de 10% ao ano no envio de cartas convencionais.

PRINCÍPIOS BÍBLICOS

Ao consideramos nossa sociedade, ativa por 24 horas, sete dias por semana, percebemos que os princípios bíblicos sobre domínio próprio, egoísmo e trabalho ainda permanecem. O livro de Tiago explica isso de modo muito claro ao afirmar que “onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento”. Tiago 3.16-17.

Em contraste com o que está acontecendo ao nosso redor, não devemos ser viciados em e-mails, mensagens de texto, Twiter ou em qualquer outra forma de comunicação. Essas coisas são ferramentas que devem ser usadas para o bem. Elas não devem nos controlar.

Deveríamos também aplicar o princípio de Tiago 1.19, sendo prontos para ouvir, tardios para falar, tardios para nos irar. Em outras palavras, precisamos pensar no modo como nos comunicamos com as pessoas. Por exemplo, precisamos considerar a maneira como uma pessoa lerá ou interpretará mal um e-mail. Nossas respostas devem ser consideradas, avaliadas e focalizadas na edificação. Devemos considerar “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama”, tudo que possua alguma virtude e algum louvor e pensar nessas coisas. Filipenses 4.8.

UM CONSELHO PRÁTICO

Calculando-se que os “spams” atingem mais de 90% do tráfico de e-mails, é importante tomarmos algumas medidas simples, como instalar um filtro de “spam”, embora muitos provedores de e-mail como o Google e o BT já o tenham, e também usar um software de antivírus atualizado. No entanto, além dessas coisas, os princípios cristãos como domínio próprio ou humildade são cruciais.

Alguns casais cristãos descobriram que compartilhar uma conta de e-mail pode ser útil. Outros sugerem que não responder imediatamente aos e-mails ou às mensagens de texto é uma boa maneira de evitar seus efeitos viciadores. E especialmente útil é a idéia de não responder, no mesmo dia, a uma mensagem que nos aborreceu. O simples fato de deixá-la na caixa de rascunhos e lê-la novamente no dia seguinte, antes de enviá-la, pode evitar muitos danos.

Concluo com uma história verdadeira e interessante, que pode ser aplicada a todas as novas formas de comunicação. Dois amigos estavam juntos, do lado de fora da casa, cortando lenha. O telefone da casa tocou várias vezes e, finalmente, um dos amigos perguntou ao outro se ele não iria atender. O dono da casa disse simplesmente: “Não. O telefone é uma conveniência, mas neste momento, é inconveniente”!

No próximo artigo, observaremos as redes sociais como Facebook, Linkedin e outras. Também examinaremos os Comunicadores Instantâneos, concluindo com alguns conselhos positivos, úteis e práticos.

David Clark é consultor na área de tecnologia, inteligência artificial e análise de riscos – sua empresa presta serviços para os governos dos EUA e do Reino Unido. Clark serviu por muitos anos como membro do Conselho da Editora britânica Evangelical Press e faz parte do conselho editorial do ministério Christian Hymns.



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Traduzido por: Waléria Coicev
Copyright© David Clark.
Copyright© Editora FIEL 2010.
 

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