quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Uso e Abuso da História da Igreja



A história da Igreja Cristã, se corretamente considerada e usada, pode ser uma grande fonte de força, sabedoria e estabilidade para o cristão sério. Por outro lado, a história da Igreja, quando considerada erroneamente e usada de maneira equivocada, pode ser uma pedra de tropeço, uma ocasião de fraqueza e estagnação. Há três atitudes para com a história passada da Igreja que são erradas e que podem somente impedir a força verdadeira e o progresso no testemunho da Verdade. Essas três atitudes são: [1] Romantizando o passado; [2] Absolutizando o passado; e [3] Desdenhando o passado. Consideremos cada uma delas.

1. Romantizando o Passado
Romantizar o passado significa dar-lhe, em nosso pensamento, uma qualidade ideal ou perfeita que de fato ele não possui. Frequentemente isso envolve o anacronismo de ler o presente no passado, em vez de ver o passado e interpretá-lo como aquilo que ele realmente foi.
Dois exemplos dessa tendência vêm à mente. O primeiro consiste em romantizar a antiga Igreja Britânica ou Céltica — os primeiros séculos do cristianismo na Inglaterra e Irlanda — antes da invasão Anglo-Saxã da Inglaterra e antes do domínio do romanismo. Que a Antiga Igreja Britânica ou Cética era naqueles tempos tão pura quanto qualquer parte do mundo cristão, ou até mesmo mais pura que todas as outras, não questionamos. Mas a tentativa de alguns autores retratarem a Antiga Igreja Britânica como essencialmente calvinista na doutrina e presbiteriana na forma de governo, e em cima disso sustentar que ela preservou em alguns lugares uma continuidade ininterrupta da vida corporativa até a Reforma Protestante, ao longo de mil anos da Idade Média, só pode ser considerado como uma romantização da história sem fundamento.
Similarmente, o movimento valdense do norte da Itália tem sido romantizado, nem tanto pelos valdenses em si, mas pelos escritores em países de fala inglesa. A alegação que os valdenses tinham uma vida corporativa distinta quase similar, se não totalmente, ao período apostólico, e continuando claramente ao longo da Idade Média até os tempos de Martinho Lutero e a Reforma, e que durante esse longo período de quase um milênio e meio eles foram sempre distintos do catolicismo romano, é impossível de sustentar por evidência histórica válida. Antes, a evidência real indica que o movimento valdense originou-se no século 12, aproximadamente 400 anos antes de Martinho Lutero e a Reforma Protestante. Além disso, os valdenses não eram evangélicos ou protestantes no sentido apropriado desses termos. É possível — ou até mesmo provável — que eles acreditavam no sacerdócio universal dos crentes. É verdade que eles se opunham a alguns dos abusos e pretensões mais sérias da Igreja de Roma. Mas eles não sustentavam a ênfase e o cerne real do Protestantismo — a doutrina da justificação pela fé somente — de nenhuma maneira consistente ou apropriada, até que aprenderam-na com a Reforma Luterana no século 16. É ainda mais anti-histórico tentar manter que os valdenses medievais eram calvinistas e presbiterianos antes da Reforma. Que eles foram testemunhas notáveis e fieis da verdade de Deus não pode ser negado, e deveríamos honrar a sua memória por isso. Mas é uma romantização imprópria da história considerar esses santos como virtualmente calvinistas e presbiterianos numa Itália e França medieval.

2. Absolutizando o Passado
Absolutizar o passado significa considerar alguma época ou período no passado como ideal e normativo para todos os tempos vindouros. O tempo logo após a morte dos apóstolos, ou o tempo dos grandes Concílios da Igreja Primitiva, ou o tempo de Lutero, Knox e Calvino, ou o tempo da Segunda Reforma e a Assembleia de Westminster, são nostalgicamente considerados como “os velhos e bons dias” e a ideia mantida é a seguinte: que aquilo que a Igreja de nossos dias realmente precisa é voltar em espírito àqueles tempos e ali permanecer. Essa tendência surge de uma falta de perspectiva histórica, frequentemente combinada com um grau considerável de ignorância histórica, e uma falha em reconhecer a imperfeição e o relativismo de todas as realizações humanas, mesmo das melhores e mais nobres feitas em submissão a Deus.
Um exemplo dessa tendência é a noção não incomum de que os credos ou padrões oficiais de uma igreja são sacrossantos e que é algo errado e ímpio procurar alterá-los em algum detalhe, ou mesmo reexaminá-los à luz da Escritura. Essa absolutização do passado conflita inevitavelmente com a autoridade da Escritura como o padrão absoluto de fé e prática. Se há alguns elementos ou fases da história passada da Igreja que devem ser considerados como isentos do julgamento da Escritura, então a Bíblia não é mais a nossa única regra infalível de fé e prática. Se a Escritura é realmente a única regra infalível de fé e prática, então tudo na história da Igreja desde que o Novo Testamento foi finalizado está sujeito ao julgamento de Deus falando na Escritura. Deixamos de honrar a Confissão de Westminster se, por exemplo, atribuímos a ela uma autoridade que pertence somente à Escritura, e assim considerá-la e tratá-la como se fosse infalível. Mas a pessoa que considera ímpio ou profano dizer que tal credo pode ser alterado, sobre a base de um estudo adicional da Bíblia, está tratando esse credo como infalível e dando-lhe uma posição que pertence somente à Palavra de Deus. O presente escritor considera a Confissão de Fé de Westminster a melhor declaração da verdade cristã em forma de credo que já foi formulada. Mas ela não é a Palavra de Deus, e assim não é infalível. Ela foi composta por homens que eram de fato eruditos e piedosos, mas ainda sim falíveis em si mesmos e capazes de erro.
E, novamente, quando as pessoas consideram a Reforma como uma conquista fixa e consumada de uma vez por todas, elas estão absolutizando a história. A Reforma Protestante foi parte de um processo histórico.“Ecclesia reformata reformanda est”— a Igreja, tendo sido reformado, continua sendo reformada. Como a santificação, a reforma da Igreja é um processo sem nenhum ponto final na história.

3. Desdenhando o Passado
Desdenhar ou desprezar o passado é uma reação contra as tendências de romantização e absolutização. A pessoa que desdenha o passado falha em apreciar suas conquistas e valores reais. Isto é, ele fracassa em perceber o que Deus já fez na história passada de sua Igreja.
Alguém disse que “Ninguém jamais aprendeu algo da história exceto que ninguém aprende algo da história”. Em grande medida, vivemos numa era que superestima o presente e despreza o passado. Alguns podem dificilmente mencionar os covenanters escoceses do século 17 e suas lutas sem um sorriso de escárnio. As testemunhas e os mártires recebem um elogio parco por uma atitude que diz, em efeito, “Os covenanters foram importantes sem dúvida, mas…”
Todo verdadeiro progresso está construindo sobre fundamentos lançados no passado. Somente captando e apreciando o passado podemos ter uma atitude verdadeiramente válida para com o presente, e somente assim podemos construir um futuro sólido. A pessoa que diz “História é bobagem” está desonrando a Deus, que por sua obra de criação e providência fez a história aquilo que ela é.
Em nossos dias esse grande monumento histórico da Fé Reformada — a Confissão de Fé de Westminster — foi posto de lado como uma peça de museu por grande parte do corpo presbiteriano na América, e uma “nova confissão” a substituiu como o padrão denominacional realmente em vigor. E essa “nova confissão” é na verdade uma rejeição de grande parte da verdade alcançada e testemunhada na Confissão de Westminster histórica. Isso é verdadeiramente um desdenhar da história.
Não é incomum encontrar pessoas com uma atitude de desdém para com os covenanters escoceses históricos e os antigos pactos escoceses. Não fomos salvos pela história dos covenanters, mas sim pela fé em Jesus Cristo. Mas deixamos de honrar ao Senhor se desprezamos o que ele fez em e por meio do seu povo nos tempos passados.
A atitude desdenhosa tem suas raízes no orgulho — o orgulho da ignorância. Alguém disse que há três tipos de orgulho: orgulho de raça, orgulho de rosto e orgulho de graça,** e esse orgulho de graça é o pior dos três. Mas sem dúvida podemos classificar com esses o orgulho da ignorância como uma das piores formas de orgulho. Há pessoas que de fato se gloriam em sua vergonha, que se orgulham verdadeiramente de que são ignorantes de teologia e história da igreja.
Não somos os primeiros cristãos inteligentes ou fieis que já viveram. Cristo, por meio do seu Espírito, sempre esteve ativo, trabalhando ao longo da história passada de sua Igreja. Prestemos atenção à injunção bíblica de “provar todas as coisas e reter o que é bom”. Não romantizemos o passado, não absolutizemos o passado e não desprezemos o passado. Antes, que possamos avaliá-lo com justiça e valorizá-lo sabiamente, para a honra e glória de Deus.

NOTAS:
* Covenanters: Os membros da Igreja da Escócia que assinaram o Pacto (Covenant) Nacional Escocês de 1638, que os obrigava a manter a Igreja da Escócia como foi organizada durante a Reforma, isto é, presbiteriana. Eles participaram em combate armado em obediência ao pacto assinado.
** O autor usa um jogo de palavras aqui: race, face, grace.

Fonte: Ordained Servant, vol. 5, no. 2 (Abril 1996).
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – 03 de janeiro de 2011.

Provendo uma Família Grande



As Escrituras exaltam repetidamente a bênção em ter filhos e a importância deles para a família e o Reino de Deus. Salmos 127 e 128 declaram que Deus se deleita em abençoar o homem justo dando-lhe uma mulher frutífera e filhos. Sob a ótica deste ensino bíblico, e em conformidade ao próprio amor deles às crianças, muitos cristãos têm sido contemplados com uma família grande.
Um obstáculo na busca dessa bênção são as finanças. Muitos assumem que são incapazes de cobrir os custos, e abandonam a visão. Outros nem mesmo consideraram seriamente ter muitos filhos.
Devemos lembrar que o Deus que declara que filhos são sua recompensa, e convoca marido e mulher para “[serem] férteis”, é o mesmo Deus que declara que irá suprir todas as necessidade de Seus filhos que creem em Sua Palavra e guardam seus mandamentos (Fp. 4.19). Escassez sempre foi um problema em um mundo de recursos limitados, e as circunstâncias não eram essencialmente diferentes nos dias em que o salmista exaltou a bênção de ter muitos filhos. A mesma dificuldade que foi enfrentada por homens na era do Antigo Testamento em prover as necessidades materiais adequadas para uma grande família é enfrentada hoje.
Recursos Financeiros ou as Promessas de Deus?
A questão não é os nossos recursos financeiros, mas a promessa de Deus em prover para Seu povo. Uma das mais importantes dessas promessas encontra-se em Mateus 6.33: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” O contexto de Mateus 6.33 repreende a audiência pela busca de segurança financeira em riquezas tangíveis. Jesus declara que esta é uma esperança falsa; todas as riquezas podem ser perdidas, até mesmo num instante. A verdadeira segurança financeira é encontrada ao fazer da obra do Reino de Deus a prioridade em nossa vida. Se assim fizermos, Deus dá a Sua garantia absoluta de que fará com que todas as nossas necessidades materiais sejam supridas.
O estudo cuidadoso da Escritura revela que ter filhos, muitos filhos, e criá-los na doutrina e admoestação do Senhor é um dos mais significantes trabalhos que um casal pode fazer para o Reino de Deus. Se o marido e a mulher buscam o Reino de Deus através da busca de Sua bênção para terem muitos filhos, então eles têm de Deus a promessa imutável de que Ele proverá para eles e seus filhos!
Pelas bênçãos imensas de Deus, minha esposa, Linda, e eu nos beneficiamos com dez filhos. Somos gratos porque ainda cedo fomos convencidos pela Palavra de Deus que educar muitos filhos piedosos era uma obra essencial ao Reino de Deus, e buscamos Sua bênção para este fim. Apesar de nossos recursos serem poucos, nós oramos e confiamos na promessa de Deus em Mateus 6.33, e através dos anos, à medida que nossa família cresceu, os desafios financeiros também cresceram. Ele nunca falhou conosco.
A Palavra de Deus é verdade. Ao confiar nEle, aqueles que olham para Ele em vez de olhar para seus próprios recursos experimentam o caminhar de fé e o poder de Deus em prover. Quando confiamos e obedecemos a Deus, ainda que nossa fé cambaleie, Ele nunca falha!

Pais Prudentes
Em combinação com a fé nas promessas de Deus, pais que têm uma família grande devem também, de acordo com a Escritura, agir retamente e prudentemente. Através do crescimento da nossa família, o Senhor tem nos ensinado muitos princípios bons e sábios para nos ajudar a permanecer fiéis, e tais princípios não são menos úteis em famílias menores:
1. Aprendemos a estabelecer as prioridades familiares. Recursos financeiros são direcionados primeiro para o que é essencial, extras e não-essenciais vêm em segundo. Deus sempre provê para as nossas necessidades genuínas.
2. Nós aprendemos a melhor entender nossos papéis. O papel do marido é prover para sua família. Ele deve ter o compromisso de trabalhar duro e usar o melhor de sua habilidade naquilo que realiza. O papel da mulher é ser uma gerenciadora dos recursos que seu marido provê. Ela precisa aprender a arte de esticar cada real o quanto possível. Um homem diligente e uma esposa frugal e engenhosa são um time eficaz em prover para uma família.
3. Aprendemos a viver despretensiosamente e contentes. Um estilo de vida modesto, livre do fardo do desejo de se viver além das posses, é essencial. Se estamos descontentes, estamos sob o controle do pecado de “ganância, que é idolatria” (Cl 3.5). Ter uma família grande impõe alguns limites quanto ao que é possível, e estes limites precisam ser alegremente aceitos como parte do nosso chamado para sermos frutíferos e criarmos filhos para o Senhor.
4. Aprendemos a agir prudentemente para estendermos nossos recursos. Nisso há algumas coisas que descobrimos a importância. Primeiro, quando possível, faça você mesmo o trabalho. Pagar pelo trabalho que você mesmo poderia fazer é drenar as finanças. Cozinhe partindo do zero, eduque seus filhos em casa, e faça você próprio os consertos. Segundo, sempre busque o menor preço. Isso significa comprar com desconto em lojas de artigos de segunda mão. É impressionante o quanto se pode economizar. Terceiro, esteja disposto a aceitar roupas dadas por outros. Quando se tem um família grande, pessoas generosas gostam de repassar aos seus filhos as roupas que ficaram pequenas nos filhos deles. Gratamente receba esses presentes, e você pode se ver dificilmente comprando uma roupa. Quarto, aprenda a arte do custo-benefício da saúde e da cura. Custos médicos podem ser uma despesa muito grande. Muitos desses custos podem ser evitados se aprendermos prevenção e cura por meio de uma dieta saudável e remédios que não precisam de receita médica. Quinto, não se endivide. Isso é extremamente importante. Dívida no cartão de crédito e juros de empréstimos para itens que se depreciam são como um gafanhoto comendo toda a nossa posse. Sexto, se não pode pagar, fique sem. Isso não apenas ajuda a evitar as dívidas e um orçamento minguado; isso ensina a você e aos seus filhos o domínio-próprio e o contentamento.
5. Nós aprendemos a pedir a Deus que provesse. Deus se agrada em responder orações como estas. Muitas vezes, minha esposa e eu sentíamo-nos pressionados e buscávamos o Senhor para suprir nossas necessidades. Todas as vezes Ele proveu a nós; algumas vezes ao mostrar-nos um caminho que não havíamos considerado, algumas vezes provendo um trabalho ou renda extra, e outras vezes através das dádivas de outros.
O Rev. Moses Brown teve doze filhos. Um dia, um homem que pensava em como ele provia a eles disse-lhe: “Senhor, tens tantos filhos quanto Jacó.” Rev. Brown respondeu: “Sim, e tenho o Deus de Jacó para prover a eles.” Joseph Hall disse, certa feita: “Lembro-me de um grande homem vindo à minha casa em Waltham, e vendo todos os meus filhos em pé em ordem de idade e altura, disse: ‘Estes são aqueles que fazem de um homem rico pobre.’ Mas imediatamente ele recebeu esta resposta: ‘De modo algum, meu senhor. Estes são aqueles que fazem um de homem pobre rico; pois eu não me desfaria de sequer um destes por toda a sua riqueza.’” [1]

NOTAS:
1. Charles Haddon Spurgeon, Psalms, ed. Davis Otis Fuller (Grand Rapids: Kregel Publications, 1976), 593.

Tradução: Jazanias Oliveira – dezembro/2011

O Vinho e o Irmão Mais Fraco



“Bom é não comer carne”, diz o apóstolo Paulo, “nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça” (Rm 14.21). Essa declaração é frequentemente citada por aqueles que querem fazer da abstinência total um requerimento para o cristão. Eles argumentam que é dever do forte abster-se por consideração ao fraco. Eles dizem, em outras palavras, que mesmo um uso cuidadoso e moderado do vinho contradiz esse princípio apostólico. É a esse argumento que daremos agora a nossa atenção. Fazemos isso propondo duas perguntas. O que Paulo quer dizer por irmão mais fraco nesta passagem? E o que ele quer dizer quando fala sobre fazer esse irmão tropeçar?
O fato é que Paulo quer dizer algo muito diferente nesta frase “irmão mais fraco” do que os proponentes da abstinência total querem dizer. Quando falam de um irmão mais fraco, eles querem dizer alguém que tem uma tendência a beber muito. Um homem que tenha sido alcoólatra, por exemplo, e agora está procurando permanecer sóbrio, mediante a prática de abstinência completa, seria um irmão mais fraco, conforme eles usam essa frase. Mas o irmão mais fraco na terminologia de Paulo não é um homem que tende a beber muito. Pelo contrário, ele é um homem que acha errado beber qualquer quantia de vinho. Ele é um homem que tem certo escrúpulo de consciência. Se certos tipos de carne e vinho fossem realmente maus per se, então não seria necessário falar de tais pessoas como irmãos mais fracos. Mas o fato é que não existe nenhuma carne ou vinho que seja mau em si mesmo. Assim, o irmão mais forte é aquele que reconhece que isso é verdade. O irmão mais fraco é mais fraco porque ele está equivocado em sua convicção. Se come, ou bebe, ele peca. O pecado não reside no mero ato físico de comer ou beber como tal. Ele reside no fato que o irmão mais fraco, ao comer ou beber, violou a sua própria consciência. Pois, como diz Paulo, “tudo o que não é de fé é pecado” (Rm 14.23). A definição de Paulo para irmão mais fraco é, portanto, o exato oposto daquilo que é proposto pelos defensores da posição da abstinência total. Colocando de forma mais precisa: o irmão mais fraco, na terminologia de Paulo, é alguém que defende a posição de abstinência total. Sua fraqueza é que ele erroneamente crê que o beber vinho é um pecado.
Disso pode ser facilmente visto que quando Paulo fala de fazer um irmão tropeçar, ele não quer dizer nada semelhante àquilo defendido pelos proponentes da abstinência total. Quando eles dizem que não devemos fazer o nosso irmão tropeçar, eles simplesmente querem dizer que não devemos fazer algo que eles não gostam. Não devemos nos envolver em nenhum comportamento que seja ofensivo a outros crentes. Ou em outras palavras, nunca devemos fazer algo que outros crentes consideram ser pecado. Ora, isso não é o que Paulo quer dizer. Quando ele falou de fazer um irmão tropeçar, ele quis dizer um ato da nossa parte que induza nosso irmão a pecar — que o encoraje a agir contra esse escrúpulo que ele tem em sua consciência. Sem dúvida, aquilo que Paulo está dizendo pode — em certas circunstâncias — ditar que não devemos fazer algo que seja intrinsecamente legítimo. Se certo cristão foi um alcoólatra, e agora crê que qualquer quantidade de vinho para ele seria o caminho de ruína, então outros cristãos devem certamente fazer disso a preocupação deles também. Eles devem ser cuidadosos para que não ajam de uma forma que o encoraje a ir contra a sua própria consciência. Isso não significa que eles devem adotar a regra da consciência dele como lei.
Podemos facilmente ver isso se simplesmente observarmos que Paulo também fala da observância religiosa de dias (Rm 14.6). É um fato bem conhecido que nenhum dia era observado na Igreja Apostólica, por mandamento divino, exceto o Dia do Senhor (1Co 16.1,2; Gl 4.9-11). Quando os judaizantes tentaram impor a observância de outros (adicionais) dias, o apóstolo se opôs tenazmente (Gl 4.9-11). Todavia, nessa questão também Paulo não teve compaixão por aqueles que eram irmãos mais fracos. O irmão mais fraco neste caso era alguém que se sentia obrigado a observar esses outros dias. (Pense nos judeus que ainda se sentiam obrigados, pela consciência, a observar os tradicionais dias de festas judaicos!) O problema, novamente, era uma consciência mal informada que ia além da lei do Senhor. Alguém pensa que Paulo exigiu que o forte se conformasse ao fraco? Não, o fato é que quando a tentativa de forçar tal conformidade foi feita, o apóstolo a denunciou severamente. Pois uma coisa é receber o irmão mais fraco (Rm 14.1) e outra bem diferente é permitir que sua fraqueza seja imposta sobre os outros como lei (v. 4).
Aconteceu exatamente a mesma coisa com a comida. Nos dias de Paulo — como nos nossos — algumas pessoas tinham escrúpulos de consciência contra comer certos tipos de carne (porco, por exemplo). Embora errados por ter esses escrúpulos, eles ainda sim deveriam ser recebidos como irmãos (v. 3). Os fortes não deveriam tentar induzi-los a comer contra convicção de consciência. Quem argumentaria que era dever do forte se conformar ao fraco? Os proponentes da abstinência total se submetem a tais escrúpulos? Não, o fato é que as mesmas pessoas que tentam usar esse argumento para forçar outras pessoas a praticar a abstinência total, quando diz respeito ao vinho, não praticam o que pregam quando diz respeito a carne de porco. Não é de admirar! Se os cristãos fossem obrigados a se abster — completamente — de qualquer comida ou bebida que irmãos fracos, num momento ou outro, num lugar ou outro, consideram como sendo pecaminosas, eles teriam pouca opção quanto ao que comer e beber. Por que então essa passagem deveria ser tomada dessa forma com respeito ao vinho? A passagem, afinal, não diz que é mau comer carne ou beber vinho. Ela diz apenas que é bom não comer carne ou beber vinho se isso faz um irmão tropeçar. A única preocupação de toda a passagem é nos ensinar a evitar algo que induza um irmão mais fraco a agir contra a sua própria consciência.
Quando Paulo diz “bom seria que o homem não tocasse em mulher” (1Co 7.1), ele não quer dizer que a relação sexual é inerentemente errada. Pelo contrário, para evitar a imoralidade sexual, ele recomenda a relação sexual — dizendo que cada homem tenha a sua própria esposa e cada mulher o seu próprio marido, caso não tenham o dom da continência. O oposto da imoralidade sexual não é necessariamente o celibato. Dizer que a abstinência total (sexual) é boa, não é de forma alguma o mesmo que dizer que a satisfação legítima é má. Muito pelo contrário: embora a abstinência completa possa ser melhor para alguns, uma satisfação apropriada é o melhor para outros. De fato, para a maioria das pessoas o conveniente não é a abstinência, mas o uso lícito. Todavia, essa é a distinção que os proponentes da proibição ignoram. Eles condenam o uso do vinho, mesmo com moderação, sobre o fundamento que ele poderia fazer outra pessoa tropeçar. É interessante observar que algumas pessoas na igreja antiga fizeram exatamente a mesma coisa com respeito ao casamento. Porque a Escritura diz “bom seria que o homem não tocasse em mulher”, eles começaram a exigir que as pessoas praticassem o celibato (1Tm 4.3). Como os defensores atuais da abstinência total, eles procuraram tornar um escrúpulo de suas próprias consciências algo obrigatório para todos os demais. Mas Paulo, profeticamente falando, classifica o ensino deles como vindo de espíritos enganadores, e como doutrina de demônios, e não de Cristo (v. 1). Ele não louva a convicção de consciência deles, mas antes descreve as suas consciências como tendo sido cauterizadas (v. 2). Ao proibir o casamento, e ao ordenar a abstinência de certos alimentos, eles na verdade estavam impugnando a obra das mãos de Deus (v. 3, 4). Pois Deus criou todas essas coisas para serem recebidas com ações de graça, por aqueles que creem e conhecem a verdade.
O mesmo se dá com o vinho. Aqueles que procuram impor seu escrúpulo de consciência nos outros usurpam a autoridade de Cristo. Paulo nos ensina a resistir-lhes. “A fé que tens”, diz ele, “tenha como sua convicção diante de Deus” (Rm 14.22).

Fonte: Wine in the Bible & the Church, p. 17-21.
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – 03 de janeiro de 2011.

O Uso do Vinho na Ceia do Senhor



A Sessão da Michiana Covenant Church sustenta que o uso do vinho na Santa Ceia, tendo sido instituído por Cristo, é conveniente e apropriado. O uso de suco de uva, embora não seja pecaminoso, desvia-se da prática bíblica. Em suporte da nossa posição, oferecemos as seguintes considerações:

O vinho, usado apropriadamente, é uma bênção de Deus

Deus dá “o vinho que alegra o coração do homem”, assim como ele dá “o pão que fortalece o coração do homem” (Sl 104.14,15). Deus promete ao seu povo obediente que Ele o abençoará com uma abundância de vinho (Dt 7.13, 11:14; Pv 3.10). Usado incorretamente, o vinho torna-se uma maldição (Pv 23.29-35). A Bíblia condena uniformemente a embriaguez (1Co 5.11, 6.10; Ef 5.18; Gl 5.21).

Salmos 104.14-15 – “Faz crescer a erva para o gado, e a verdura para o serviço do homem, para fazer sair da terra o pão, e o vinho que alegra o coração do homem, e o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que fortalece o coração do homem.”
Deuteronômio 7:13 – “E amar-te-á, e abençoar-te-á, e te fará multiplicar; abençoará o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, o teu grão, e o teu mosto, e o teu azeite, e a criação das tuas vacas, e o rebanho do teu gado miúdo, na terra que jurou a teus pais dar-te.”
Deuteronômio 11.14 – “Então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhais o vosso grão, e o vosso mosto e o vosso azeite.”
Provérbios 3.10 – “E se encherão os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares.”
1 Coríntios 5.11 – “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou be-berrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.”
1 Coríntios 6.10 – “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.”
Efésios 5.18 – “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito.”
Gálatas 5.21 – “Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas seme-lhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.”

O vinho, como mencionado na Bíblia, contém álcool

A Bíblia não traça nenhuma distinção entre vinho e suco de uva ou entre vinho fermentado e vinho não fermentado. O mesmo vinho (hebraico yayin) que deixou bêbado Noé (Gn 9.21), Ló (Gn 19.32-35), Nabal (1Sm 25.37), Assuero (Et 1.7, 10), e outros (Is 28.1, 7; Jr 23.9), foi dado a Abraão por Melquisedeque (Gn 14.18), mantido nos armazéns dos reis de Israel (1Cr 27.27; 2Cr 11.11; Ne 5.18) e permitido a todo o povo de Deus (Dt 14.26).
Gênesis 9.21 – “E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda.”
Gênesis 19.32-35 – “Vem, demos de beber vinho a nosso pai…”
1 Samuel 25.37 – “Sucedeu, pois, que pela manhã, estando Nabal já livre do vinho, sua mulher lhe deu a entender aquelas coisas; e se amorteceu o seu coração, e ficou ele como pedra.”
Ester 1.7, 10 – “E dava-se de beber em copos de ouro, e os copos eram diferentes uns dos outros; e havia muito vinho real, segundo a generosidade do rei… E ao sétimo dia, estando já o coração do rei alegre do vinho, mandou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e Carcas, os sete camareiros que serviam na presença do rei Assuero.”
Isaías 28.1 – “Ai da coroa de soberba dos bêbados de Efraim, cujo glorioso ornamento é como a flor que cai, que está sobre a cabeça do fértil vale dos vencidos do vinho… Mas também estes erram por causa do vinho, e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o profeta erram por causa da bebida forte; são absorvidos pelo vinho; desencaminham-se por causa da bebida forte; andam errados na visão e tropeçam no juízo.”
Jeremias 23.9 – “Quanto aos profetas, já o meu coração está quebrantado dentro de mim; todos os meus ossos estremecem; sou como um homem embriagado, e como um homem vencido de vinho, por causa do SENHOR, e por causa das suas santas palavras.”
Gênesis 14.18 – “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo.”
1 Crônicas 27.27 – “E sobre as vinhas, Simei, o ramatita; porém sobre o que das vides entrava nas adegas do vinho, Zabdi, o sifmita.”
2 Crônicas 11.11 – “E fortificou estas fortalezas e pôs nelas capitães, e ar-mazéns de víveres, de azeite, e de vinho.”
Neemias 5.18 – “E o que se preparava para cada dia era um boi e seis ove-lhas escolhidas; também aves se me preparavam e, de dez em dez dias, muito vinho de todas as espécies; e nem por isso exigi o pão do governador, porquanto a servidão deste povo era grande.”
Deuteronômio 14.26 – “E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa.”

Jesus usou vinho na Última Ceia

A Última Ceia foi instituída com vinho, não suco de uva. Não havia disponibili-dade de suco de uva não fermentado durante a primavera na antiga Palestina, muitos meses após a colheita da uva. Carecendo de refrigeração ou pasteurização, o suco teria fermentado rapidamente. Jesus falou do “cálice” como cheio do “fruto da vide” (Mt 26.29; Marcos 14.25; Lucas 22:18) para designar o vinho usado na Páscoa e na noite do Sabbath. Não existe nenhuma indicação na Bíblia que o nosso Senhor realizou um milagre e criou suco de uva novinho para a primeira Santa Ceia. E fica claro que os apóstolos ensinaram à Igreja o uso de vinho na ceia pelo fato de alguns ficarem embriagados na celebração da Santa Ceia (1Co 11.21).
Mateus 26.29 – “E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vi-de, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai.”
Marcos 14.25 – “Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da vide, até àquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus.”
Lucas 22.18 – “Porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus.”
1 Coríntios 11:21 – “Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se.”

A importância do vinho na Santa Ceia

O vinho, muito mais do que o suco de uva, simboliza o sangue de Cristo, que foi derramado por nossos pecados. É o corpo glorificado e o sangue de Cristo que nos trazem a bênção do eschaton. A semelhança do vinho com o sangue de Cristo não encontra-se apenas em sua cor, mas de maneira mais importante em seu poder para alegrar o coração do homem.
É por isso que o conteúdo alcoólico do vinho, resultado da transformação pela fermentação, é importante. A “glorificação alcoólica” do suco de uva tem importância teológica e escatológica. Da mesma forma que o fraco suco de uva dá lugar para o vinho da bênção, a antiga aliança dá lugar para a nova e melhor aliança. O suco de uva está morto, mas o vinho passou da vida para a morte por meio da fermentação.
A pasteurização, processo criado pelo homem através do qual o suco de uva é fabricado, interrompe o processo de fermentação ordenado por Deus, matando o agente daquela transformação. Há uma conexão entre a produção moderna de suco de uva e a hermenêutica moderna extra-bíblica que requer o uso desse suco na Santa Ceia, ambas inovações do século 19. Ao burlar o desenvolvimento do suco de uva em vinho, mutilamos o significado biblicamente atribuído deste cálice de bênção.
Portanto, a sessão determinou o retorno da prática de usar vinho na Ceia do Senhor. Todavia, para o bem daqueles que possuem consciências fracas, a sessão também mantém o uso do suco de uva por enquanto.

Fonte: The Pattern of Worship at Michiana Covenant Church.
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – 04de janeiro de 2011.

Cristianismo, a Mãe da Liberdade Política



A força política mais libertadora na história da humanidade tem sido o cristia-nismo (Jo 8.36). O cristianismo ramificou-se do tronco da religião hebraica piedosa do Antigo Testamento, e a antiga nação hebraica (antes da era dos reis [1Sm 8]) foi sem dúvida a sociedade mais libertária na história da humanidade. O cristianismo herdou da fé veterotestamentária a crença inabalável no Deus soberano e transcendente, que está acima de todos e julga toda a humanidade, incluindo seus sistemas de governo civil. A ordem política nunca é suprema.

1. O Mundo Antigo
O cristianismo destruiu a unidade do antigo mundo pagão. A fonte dessa uni-dade era o Estado, geralmente identificado com a própria sociedade, no topo do qual estava um grande líder político, um rei ou imperador, que pensava ser um deus ou semelhante a deus. A unidade do antigo mundo pagão consistia na divinização da ordem temporal na forma do Estado.
Mas o cristianismo reconhecia “outro rei” (At 17.7). Embora não por meios a-narquistas, os primeiros cristãos reconheciam que nenhuma autoridade terrena, es-pecialmente autoridade política, poderia ser suprema, pois somente a autoridade de Deus é suprema.
Ao esclarecer a cristologia (a doutrina de Jesus Cristo) ortodoxa, o Concílio de Calcedônia (451 a.C.) lançou o fundamento da liberdade ocidental. Apenas Jesus Cristo é divino e humano, plenamente Deus e plenamente Homem, a única ligação entre céu e terra. Ele é o único Mediador divino-humano. Essa decisão repudiava dramaticamente toda divinização da ordem temporal. Nenhum Estado, nenhuma igreja, nenhuma família, poderia ser Deus ou semelhante a Deus.
Esse reconhecimento colocou o cristianismo patrístico em rota de colisão com a política clássica. Os primeiros cristãos foram perseguidos de maneira selvagem, não porque adoravam a Jesus Cristo, mas porque recusavam adorar ao imperador romano. As sociedades politeístas encorajam a adoração de divindades. Elas resistem à exclusão de todas as divindades, particularmente o Estado, excetuando-se a Divindade verdadeira, o Deus da Bíblia.

2. O Mundo Medieval
No mundo medieval, a Igreja Latina tornou-se uma força de compensação na sociedade, verificando e limitando a autoridade do Estado. De fato, na maior parte do tempo, o tamanho e a força da igreja excederam em muito a de qualquer Estado em particular. Lord Acton estava correto ao sugerir que a prática da liberdade política no Ocidente surgiu, em grande parte, a partir deste conflito medieval Igreja-Estado. Em adição, o mundo medieval, a despeito dos seus muitos defeitos, apoiou uma grande medida de liberdade política ao promover várias instituições humanas além da igreja que alegavam fidelidade ao homem: a família, a confraria, o senhor feudal, e assim por diante. Isso significou que o Estado tinha de compartilhar sua autoridade com outras instituições igualmente legítimas. Nenhuma instituição humana pode exercer autoridade suprema.

3. O Mundo Moderno
As limitações constitucionais do poder político, das quais surgiu a prática de democracias constitucionais dos séculos 18 e 19, começaram na Inglaterra cristã com a Carta Magna. A Inglaterra também realizou o primeiro ataque bem sucedido contra a doutrina maligna do direito divino dos reis durante a Revolução Puritana na primeira metade do século 17; e em 1688-89, durante a Gloriosa Revolução de Guilherme e Maria, ela colocou o último prego no caixão desta ameaça duradoura à liberdade política. A fundação dos Estados Unidos foi a maior experiência em liberdade política daquele tempo, e ela funcionou conscientemente com base em certas premissas distintamente cristãs.
Os Fundadores, por exemplo, reconheceram a doutrina bíblica do pecado original e da depravação humana, e portanto criaram um sistema de governo civil que dividiu a tomada de decisão entre vários ramos e que não outorgou muito poder a nenhum ramo do governo civil. Segundo, eles argumentaram que o papel do governo civil é assegurar os direitos de “vida, liberdade e felicidade”, com os quais Deus, como Criador, dotou todos os homens. Em terceiro lugar, reconhecendo a doutrina bíblica de que o governo civil deveria proteger as minorias (Ex 23.9), eles elaboraram uma constituição à qual juntaram uma Declaração de Direitos, inibindo assim o surgimento de uma tirania resultante de uma rápida mudança política segundo o capricho da opinião democrática.
A liberdade política como refletida na separação de poderes, bem como nas fiscalizações e contra balanços; o papel do Estado em proteger a vida, liberdade e propriedade; e a proteção constitucional dos direitos das minorias – todos estes fo-ram legados do cristianismo ao mundo moderno.

4. A que ponto chegará o Ocidente?
Hoje o Ocidente definha sob a violência do aborto e eutanásia, a praga do homossexualismo, a pobreza do materialismo, a coerção do socialismo, o domínio da educação “pública”, o caos do ativismo judicial, e a injustiça do racismo e sexismo impostos. Essas tiranias são todas o resultado direto do abandono do cristianismo bíblico. O mundo ocidental tem aceitado crescentemente a proposta daquele primeiro político liberal moderno, Jean Jacque Rousseau: o Estado emancipará você da responsabilidade para com todas as instituições humanas não coercivas, como a família, igreja e os negócios, se apenas você submeter-se à coerção do Estado. O homem moderno está disposto a negociar a sua responsabili-dade para com a família, igreja e os negócios, trocando-a por submissão a uma ordem política crescentemente coerciva e violenta. Estamos retornando ao mundo pagão clássico, no qual o Estado coercivo é o princípio unificador de tudo na vida.
Os regimes políticos mais cruéis, violentos e assassinos na história da humani-dade tem sido os não-cristãos ou anti-cristãos: o humanismo pagão primitivo dos antigos Egito, Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma, e o humanismo secular sofisticado da França revolucionária, União Soviética, China Vermelha, Alemanha Nazista, Itália Fascista, e outros estados seculares modernos. O humanismo é e sempre será uma receita para o terror e tirania políticos.
A única esperança para o retorno da liberdade política e da sociedade livre que ela promove é um retorno ao cristianismo bíblico e ortodoxo. O cristianismo não é meramente uma matriz na qual a liberdade política floresce; ele é o único fundamento sobre o qual se pode construir uma sociedade livre.

Fonte: www.lewrockwell.com
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – 05 de janeiro de 2011.
Revisão: Jazanias Oliveira

Pós-Milenismo Reconsiderado


Ao descrever o pós-milenismo, deveria ser observado em primeiro lugar que há uma grande área de concordância entre pré-milenistas, amilenistas e pós-milenistas clássicos.
Todos os cristãos deveriam concordar que a igreja, chamada “a Noiva” e “a Nova Jerusalém” em Apocalipse 20, existe tanto no céu como na terra antes da Segunda Vinda. Deveríamos concordar que Apocalipse 20 descreve o ataque final das forças de Satanás contra Cristo e a igreja no fim da história. Todos os cristãos deveriam concordar que Cristo retornará em forma corporal no fim da história para julgar os vivos e os mortos.
Deveríamos concordar que os eventos que devem preceder a Segunda de Jesus são os seguintes:
1. A difusão universal do Evangelho ocorrerá na história resultando na salvação de muitas almas – ou, como nosso Senhor expressa, o “ajuntamento dos seus eleitos” (Mt 24.31). Esse é o chamado e propósito primário da Igreja – “fazer discípulos de todas as nações” (Mt 28.18,19).
2. Com a expansão do Evangelho e a influência de homens e mulheres de Deus santificados na sociedade, longos períodos de paz e bênção econômica nas nações cristãs resultarão na propagação adicional do Evangelho em áreas não convertidas da Terra. Deveria ser observado que o ponto onde os pós-milenistas diferem de seus irmãos amilenistas e pré-milenistas: a visão do Reino de Deus como sempre se expandindo e da Igreja como o grande motor para aumentar as bênçãos, a paz e a prosperidade nas nações da Terra.
3. A conversão dos judeus étnicos deve ser nacional. Assim como a rejeição deles foi nacional, embora um remanescente tinha sido salvo; assim a conversão deles será nacional, embora alguns possam permanecer endurecidos (Romanos 11:25,26; Atos 28.25-29).
4. Após a Grande Comissão ser cumprida, haverá uma apostasia ou deserção geral, que ocorrerá por um breve tempo antes da Segunda Vinda do Senhor (Ap 20.7-9).
Deveríamos concordar que os seguintes eventos na Segunda Vinda de Jesus Cristo ocorrerão mais ou menos simultaneamente no fim da história.
1. A ressurreição dos mortos, justos e ímpios.
2. O julgamento final.
3. O fim do mundo.
4. A consumação do reino de Cristo.
O que acabei de esboçar aqui é chamado “doutrina comum da igreja”, pois tem sido a ideia prevalecente entre todos os cristãos durante quase 2000 anos. De fato, nos primeiros séculos da história da igreja a doutrina comum nem sequer tinha um nome. Não havia nenhuma diferenciação elaborada das teorias milenaristas tais como temos hoje. Tratava-se simplesmente da declaração ampla de fé do Credo dos Apóstolos, do Credo Niceno e dos ensinos dos pais da igreja: que Cristo virá novamente para julgar os vivos e os mortos, quando haverá uma ressurreição final de todas as almas que já viveram no planeta terra.
Mas para evitar uma digressão adicional, retornarei a uma exposição plena do que significa o “reinado de mil anos de Cristo” de Apocalipse 20, a partir de uma perspectiva pós-milenista, em outro artigo.

Fonte: www.forerunner.com
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – 07 de janeiro de 2012

O Deus do Processo



As origens do modernismo remontam aos primeiros ataques sobre Gênesis 1-11, e sobre a lei mosaica. Esses eram vistos como evidência dos mitos primitivos e da lei primitiva. O século dezenove via muito interesse nos antigos códigos legais; esses supostamente mostravam elementos comuns com a lei mosaica, e dessa forma foi sustentado que a lei mosaica era derivada, não original. Similarmente, mitos em todo o mundo sobre a criação, um dilúvio universal e coisas similares, supostamente provavam a natureza mitológica do relato bíblico; parece que não ocorreu a esses estudiosos que o relato bíblico fosse verdadeiro, e os outros deri-vados deste.
Vemos hoje um desenvolvimento similar nos círculos evangélicos e reforma-dos. Primeiro, a lei de Deus foi abandonada como pertinente apenas às tribos hebraicas e, portanto, “primitiva” e rural em sua orientação. Mas a lei é a vontade do Soberano para o seu povo, e abandonar a lei de Deus é negar-lhe soberania. Dessa forma, não é surpresa que muitos círculos dentro do fundamentalismo, tendo negado a lei de Deus, têm negando qualquer Senhorio atual a Jesus Cristo. Se ele não tem nenhuma lei agora, ele não pode ser Senhor. Dessa forma, a lógica do mundo de Deus tem levado muitos antinomianos, se não quase todos, a negar o Senhorio a Jesus Cristo.
Em alguns círculos evangélicos e reformados, bem como em outras tradições teológicas, há hoje um antinomianismo militante e uma hostilidade à historicidade de Gênesis 1-11. Alguns pastores expressam abertamente o seu desprezo por aqueles que defendem Gênesis capítulos 1 ao 11. Supostamente, os que aceitam a Escritura têm lido ingenuamente material simbólico como se fosse história. Sem dúvida, o texto bíblico fala claramente como história, e enfatiza os dias da criação como dias reais de 24 horas.
Tal abordagem tem grandes implicações para a teologia e interpretação bíbli-ca. Se Gênesis capítulos 1 ao 11 não são história literal, por que não ler os relatos da ressurreição como simbólicos também? Certamente os relatos do nascimento virginal soam às vezes como poesia, então por que não chamá-los de simbólicos também?
Os campões da visão simbólica desprezam aqueles que afirmam a historicida-de de Gênesis 1-11. Seus argumentos contra Gênesis 1-11 são vagos e capciosos, mas o seu desprezo é muito real. Tendo em efeito adotado uma visão não bíblica de Deus, eles não podem admitir a veracidade da sua Palavra. O deus deles é o processo, não o Criador.
Deus como processo é básico para aqueles que querem a evolução juntamente com uma fé religiosa que de alguma forma retenha o conceito deus. A evolução é um processo cujo deus é o tempo. A alternativa ao Deus bíblico é o acaso, e, há tempos, tem sido sustentado que, tendo tempo suficiente, o acaso poderia realizar qualquer coisa. Julian Huxley e outros têm mantido essa visão; tendo tempo suficiente, qualquer coisa pode acontecer num mundo de acasos. Se um grande número de macacos escrevessem em máquinas datilográficas por um tempo sem fim, eles eventualmente reproduziriam todas as obras de Shakespeare. Mas essa ilustração famosa é uma farsa. Ela pressupõe vários macacos, máquinas de escrever e armazéns cheios de papéis, os quais de alguma forma alimentariam as máquinas de datilografia. De onde vêm todas essas coisas? E o que mantém os macacos nas máquinas de escrever por anos, e evita que eles as destruam? Essa ilustração absurda desmente o acaso e a evolução. De tais suposições ridículas o mito da evolução é construído.
O deus da evolução é o processo; o processo requer bilhões de anos, e isso é assumir demais. De alguma forma, um átomo original veio à existência, possuindo em si mesmo toda a potencialidade desse cosmos e todavia inconsciente, um deus tão grande quanto o Deus bíblico, mas convenientemente sem consciência ou tribu-nal! Que Deus conveniente para pecadores!
Não se engane sobre isso. Esses pastores piedosos, que querem que nós as-sumamos as visões mais “inteligentes” deles sobre Gênesis 1-11, estão ocupados em fazer deuses para nós! Não surpreendentemente, um teólogo ortodoxo oriental que promovia tais visões expressava abertamente o seu desprezo pelo “biblicismo” e “bi-bliolatria”, mas promovia outro deus e uma igreja apropriadamente estética! Ele considerava o Protestantismo com sua fé na Escritura como “primitivo”.
Embora esses tolos letrados estejam ocupados em nos condenar, temos o fato interessante da perspectiva deles ser uma de derrota, como pessoas que negam seus próprios artigos de religião e a sua carta régia, a Bíblia.
Lembre-se que muitos dos “pais” da igreja primitiva, sendo greco-romanos em sua perspectiva, achavam a Bíblica dolorosamente “ingênua” para intelectuais como eles. A igreja cresceu a despeito deles, pois havia o suficiente de pessoas “simples” que tomaram a palavra de Deus séria e literalmente. O futuro não pertence a homens que odeiam o Deus vivo, pois o deus do processo que eles têm não pode criar nem salvar. Sem dúvida, o deus que os pecadores desejam é um que lhes permita serem criadores, os arquitetos de uma nova ordem mundial. Os capitólios do mundo estão cheios de tais deuses, assim como as vilas e cidades. Mas devem as igreja estar cheias deles também?

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O pastor e Seus Deveres

O pastorado mudou consideravelmente durante o meu tempo de vida, tanto para melhor como para pior. Uma área de melhoria é a pregação. Admitindo-se que ainda há muita pregação superficial e mais vento do que alimento, um segmento crescente do clero está mais dedicado ao estudo e à pregação sólida. O sermão bobo, superficial e embaraçosamente barato ainda pode ser ouvido, mas está perdendo terreno para a pregação bíblica sólida. Precisamos mais da abordagem dos pais da igreja, que percorriam livros inteiros da Bíblia semana após semana, e que davam à igreja um conhecimento muito sadio das Escrituras.
 
É notório também que se todo o trabalho for deixado ao pastor, ele ficará sobrecarregado e por vezes levado a uma aposentadoria pré-matura. As igrejas precisam reexaminar os deveres dos pastores e ver como o trabalho pode ser melhor realizado.
 
Um dos ganhos da participação dos outros em tais tarefas é a influência disso sobre as pessoas que veem os membros ativamente envolvidos na obra da igreja.
 
A congregação deveria ser encorajada a orar pelo pastor e pelos ajudantes voluntários. A igreja deveria fornecer a todos algum treinamento, certamente começando com os professores da escola dominical.
Em certa igreja, tivemos resultados excelentes com testes mensais escritos para todos os estudantes da escola dominical. Deixamos claro que não estávamos simplesmente sendo babás de crianças!
Creio que o pastor deveria ser aliviado da maior parte dos deveres administrativos. Em algumas igrejas novas, ele é o secretário, o tesoureiro, o zelador e o jardineiro! Pouco tempo é deixado para os seus deveres principais. É tempo de repensar algumas dessas coisas.
  
J. Rushdoony

O Rev. R.J. Rushdoony  (1916-2001), importante teólogo e filósofo calvinista, foi o fundador da Chalcedon Foundation. Ele era especialista no assunto Igreja/Estado e escreveu inúmeras obras sobre a aplicação da lei bíblica à sociedade.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Pecadores nas Mãos de um Deus Irado

 
 
por
Jonathan Edwards
 

Sermão pregado em 08 de Julho de 1741 em Enfield, Connecticut - EUA
“... A seu tempo, quando resvalar o seu pé” (Deuteronômio 32.35).
 
Nesse versículo os ímpios e incrédulos israelitas, que eram o povo visível de Deus, e que viviam debaixo de Sua graça, são ameaçados com a vingança do Senhor. Apesar de todas as obras maravilhosas que Deus operara em favor desse povo, este permanecia sem juízo e destituído de entendimento, como está escrito no versículo 28. e mesmo sob todos os cuidados do céu produziram fruto amargo e venenoso, conforme verificamos nos dois versículos anteriores.
 
A declaração que escolhi para meu texto, "A seu tempo, quando resvalar o seu pé", parece subentender as seguintes questões, relativas à punição e destruição que aqueles ímpios israelitas estavam sujeitos a sofrer:
1. Que eles estavam sempre expostos à destruição , assim como está sujeito a cair todo aquele que se coloca de pé, ou anda por lugares escorregadios. A maneira como serão destruídos vem aí representada pelo deslize de seus pés. A mesma citação encontramos no Sl 73.18-19, "Tu certamente os pões em lugares escorregadios, e os fazes cair na destruição".
2. Faz supor também que estavam sempre sujeitos a uma súbita e inesperada destruição, à semelhança daquele que anda por lugares escorregadios e a qualquer instante pode cair. O ímpio não consegue prever se, num momento, ficará de pé, ou se, em seguida, cairá. Quando cai, cai subitamente, sem aviso, como está escrito, também, no Sl 73.18-19, "Tu certamente os põe em lugares escorregadios, e os fazes cair na destruição. Como ficam de súbito assolados! Totalmente aniquilados de terror!"
3. Outra coisa implícita no texto é que os ímpios estão sujeitos a cair por si mesmos, sem serem derrubados pelas mãos de outrem, pois aquele que se detém ou anda por terrenos escorregadios não precisa mais do que seu próprio peso para cair por terra.
4. E também a razão pela qual ainda não caíram, e não caem, é por não haver chegado ainda o tempo determinado pelo Senhor. Pois está escrito que quando este tempo determinado, ou escolhido, chegar, seu pé irá resvalar. E então serão entregues à queda, para a qual já estão predispostos por causa do próprio peso. Deus não os susterá mais em lugares escorregadios, mas vai deixá-los sucumbir. Então, nesse exato momento, cairão em destruição, à semelhança daqueles que transitam em terrenos escorregadios, à beira de precipícios, e não conseguem se manter de pé sozinhos,caindo imediatamente e se perdendo ao serem abandonados.
Eu insistira agora num exame maior das seguintes palavras: não há nada, a não ser a boa vontade de Deus, que impeça os ímpios de caírem no inferno a qualquer momento.
Por mera boa vontade de Deus, me refiro à sua vontade soberana, ao seu livre arbítrio, o qual não é restringido por nenhuma obrigação, nem tolhido por qualquer tipo de dificuldade. Em última análise, sob qualquer aspecto, nada, exceto a vontade de Deus, tem poder para preservar os ímpios da destruição por um instante sequer.
 
A verdade dessa observação transparecerá nas seguintes considerações:
1. Não falta poder a Deus para lançar os ímpios no inferno a qualquer momento. A mão dos homens não é suficientemente forte quando Deus se levanta. O mais forte deles não tem poder para resistir-lhe, e ninguém consegue se livrar de suas mãos.Ele não só pode lançar os ímpios no inferno, como pode fazê-lo com a maior facilidade. Muitas vezes, uma autoridade terrena encontra grande dificuldade em dominar um rebelde, o qual acha meios de se fortalecer e se tornar mais poderoso pelo número de seguidores que alicia. Mas com Deus não é assim. Não há força que resista ao seu poder. Mesmo que as mãos se unam, e que enormes multidões de inimigos do Senhor juntem suas forças e se associem, serão todos facilmente despedaçados. São como montes de palha seca e leve diante de um furacão, ou como grande quantidade de restolho perto de chamas devoradoras. Nós achamos fácil pisar e esmagar uma lagarta que se arrasta pelo chão. Achamos fácil também cortar ou chamuscar um fio de linha fino que segura alguma coisa. Então, é simples para Deus, quando lhe apraz, lançar seus inimigos no inferno profundo. Quem somos nós, que imaginamos poder resistir Àquele ante cuja repreensão a terra treme, e perante quem as pedras tombam?
2. Eles merecem ser lançados no inferno. Assim, a justiça divina não se interpõe no caminho dos ímpios; nem faz objeção pelo fato de Deus usar seu poder para destruí-los a qualquer momento. Muito pelo contrário, a justiça fala assim da árvore que produz frutos maus: "... pode cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra?" (Lc 13.7). A espada da justiça divina está o tempo todo erguida sobre suas cabeças, e somente a mão de absoluta misericórdia e a mera vontade de Deus podem detê-la.
3. Os ímpios já estão debaixo da sentença de condenação ao inferno. Eles não só merecem ser lançados ali, mas a sentença da lei de Deus, esse preceito de eterna e imutável retidão que o Senhor estabeleceu entre si mesmo e a humanidade, também se coloca contra eles, e assim os mantém. Portanto, tais homens já estão destinados ao inferno. "...o que não crê já está julgado." (Jo 3.18). Assim, todo impenitente pertence, verdadeiramente, ao inferno. Ali é o seu lugar, ele é de lá, como temos em João 8.23: "vós sois cá debaixo" e para lá é destinado. Este é o lugar que a justiçam, a Palavra de Deus e a sentença de sua lei imutável reservam para ele.
4. Assim sendo, eles são objetos da ira e da indignação de Deus, que se manifesta através dos tormentos do inferno. E a razão de não descerem ao inferno agora mesmo não é pelo fato do Senhor, em cujo poder se encontram, estar menos irado com eles no momento, ou, pelo menos, não tão encolerizado como está com aquelas miseráveis criaturas a quem ele atormenta no inferno, as quais experimentam e sofrem ali a fúria de sua indignação. Sim, Deus se acha muito mais furioso com um grande número de pessoas que está vivendo na terra agora, talvez de modo mais tranqüilo e confortável, do que com muitos daqueles que estão experimentando as chamas do inferno. Portanto, a razão porque Deus ainda não abriu a sua mão e os liquidou, não é por ele não se importar com suas iniqüidades, ou não se ofender. O Senhor não se parece com eles, embora pensem que sim. A fúria de Deus arde contra eles, sua condenação não demora. O abismo está preparado, o fogo está pronto, a fornalha incandescente está ardendo, pronta para recebê-los. As chamas vermelhas queimam. A espada luminosa foi afiada e pesa sobre suas cabeças. O inferno abriu a sua boca debaixo deles.
5. O diabo está pronto a cair sobre os ímpios, para apoderar-se deles como coisa sua, no momento em que Deus o permitir. Eles lhe pertencem, suas almas encontram-se em seu poder e sob seu domínio. As Escrituras os apresentam como propriedade de satanás (Lc 11.21). Os demônios os espreitam, estão sempre ao seu lado, à sua direita, esperando por eles como leões esfaimados e enfurecidos que vêem a presa, aguardando a hora de agarrá-la, mas são restringidos por enquanto. Se Deus retirasse sua mão, a qual os refreia, eles cairiam sobre suas pobres almas num instante. A velha serpente está pronta a dar o bote. O inferno escancara sua boca para recebê-los. E se Deus permitisse, seriam rapidamente engolidos e consumidos.
6. Nas almas dos pecadores reinam aqueles princípios diabólicos que os faria arder agora mesmo no inferno, se não fosse a restrição imposta por Deus. Existe na própria natureza carnal do homem uma potencialidade alicerçando os tormentos do inferno. Há aqueles princípios corruptos que agem de maneira poderosa sobre eles, que só dominam completamente, e que são sementes do fogo do inferno. Esses princípios são ativos e poderosos, de natureza extremamente violenta, e se não fosse a mão restringidora do Senhor sobre eles, seriam logo destruídos. Iriam arder em chamas da mesma forma que a corrupção e a rebeldia fazem arder os corações das pessoas condenadas, gerando nelas os mesmos tormentos. As almas dos ímpios são comparadas nas Escrituras com o mar agitado (Is 57.20). Por enquanto Deus controla as iniqüidades deles pelo seu imenso poder, como faz com as ondas enfurecidas do mar, dizendo: "virão até aqui, mas não prosseguirão." Mas se Deus retirasse deles seu poder refreador, seriam todos tragados por elas. O pecado é a ruína e a miséria da alma. Ele é destrutivo pela própria natureza. E se Deus o deixasse sem controle, não seria preciso mais nada para tornar as almas humanas absolutamente miseráveis. A corrupção no coração do homem é algo cheio de fúria incontrolável e sem freio. Enquanto os pecadores viverem aqui, essa fúria será como fogo reprimido pelas restrições divinas. Ao passo que, se fosse liberada, incendiaria o curso natural da vida. E como o coração é um poço de pecado, este mesmo pecado iria imediatamente transformar a alma num forno incandescente ou numa fornalha de fogo e enxofre, caso não fosse restringido.
7. O fato de não haver sinais visíveis da morte por perto, não quer dizer que haja, por um momento, sequer segurança para os ímpios. O fato do homem natural ter boa saúde, de não prever que poderia deixar este mundo num minuto por um acidente, de não haver perigo visível à sua volta, nada disso lhe ser vê de segurança. Contínuas e inúmeras experiências humanas, em todas as épocas, nos mostram que não existem provas de que o homem não esteja à beira da eternidade, ou de que seu próximo passo não venha a ser no outro mundo. Os caminhos e meios, invisíveis e imprevistos, de chegar lá são incontáveis e inconcebíveis. Os homens não convertidos caminham por cima das profundezas do inferno, sobre uma superfície frágil onde existem varias áreas quebradiças, também invisíveis, as quais não conseguirão agüentar o seu peso. As flechas da morte voam ao meio-dia sem serem vistas. O olhar mais atento não pode distingui-las. Deus tem muitas maneiras diferentes e misteriosas de tirar os homens pecadores do mundo e despachá-los para o inferno. Não há nada que faça crer que o Senhor precise de ajuda de um milagre, ou que necessite se desviar do curso natural de sua providência para destruir qualquer pecador, a qualquer momento. Desde que todos os meios para fazer os ímpios deixarem este mundo estão de tal forma nas mãos de Deus, tão absoluta e universalmente sujeitos ao seu poder e determinação, segue-se que a ida dos pecadores para o inferno, a qualquer momento, depende simplesmente da vontade de Deus – quer usando meios ou não.
8. O cuidado e a prudência dos homens naturais em preservar suas vidas, ou o cuidado de terceiros em preservá-las, não lhes dá segurança por um momento sequer. A providência divina e a experiência humana testificam isso. Existem evidências claras de que a sabedoria dos homens não lhes é segurança contra a morte. Se não fosse assim, haveria uma diferença entre a morte prematura e inesperada de homens sábios e prudentes, e dos demais. Mas, o que realmente acontece? "Como morre o homem sábio? Assim como um tolo." (Ec 2.16).
9. Todo o esforço e artimanha dos ímpios para escaparem do inferno não os livram do mesmo, nem por um momento, pois continuam a rejeitar a Cristo, e portanto permanecem ímpios. Quase todos os homens naturais que ouvem falar do inferno alimentam a ilusão de que vão escapar dele. Quanto a sua própria segurança, confiam em si mesmos. Vangloriam-se do que fizeram, do que estão fazendo e do que pretendem fazer. Cada um traça seu próprio plano, pensa em evitar a condenação, e se vangloria e que irá tramar tão bem todas as coisas que seu esquema, com certeza, não falhará. Na verdade, eles ouvem dizer que poucos se salvam, e que a maior parte dos homens que já morreram foram para o inverno; mas cada um deles se imagina capaz de planejar melhor a própria fuga, do que os outros puderam fazer. Dentro de si mesmos dizem que não pretendem ir para esse lugar de tormento, e que pretendem tomar todo o cuidado necessário, esquematizando as coisas de tal forma na ao terem possibilidade de falhar.
 
Mas os insensatos filhos dos homens iludem-se miseravelmente quanto a seus próprios planos. A confiança que depositam na própria força e sabedoria é o mesmo que confiar na fragilidade de uma sombra. A maior parte daqueles que antes viveram debaixo da dispensação da graça, e agora estão mortos, sem dúvida alguma foram para o inferno. E não é por terem sido menos espertos do que os que ainda estão vivos, nem por terem planejado as coisas de tal forma que não lhes assegurou o escape. Se pudéssemos falar com eles, um a um, e perguntar-lhes se, quando vivos, esperavam ser vítimas de tamanha miséria, sem dúvida ouviríamos todos dizer: "Não, eu nunca pensei em vir para cá. Eu tinha esquematizado as coisas de maneira bem diferente. Pensei que iria conseguir algo melhor para mim, que meu plano era adequado. Pensei em me precaver melhor, mas tudo aconteceu de maneira tão repentina. Não esperava por isso naquela época, e nem daquela maneira. Mas tudo veio como um ladrão. A morte foi mais esperta que eu. A ira de Deus foi rápida demais para mim. Oh!, maldita insensatez! Eu me gabava, e me deleitava em sonhos vãos quanto ao que faria no futuro. E justamente quando eu mais falava de paz e segurança, me sobreveio uma súbita destruição."
10. Deus não se sujeita a nenhuma obrigação, nem a nenhuma promessa de manter o homem natural fora do inferno por um momento sequer. Ele não fez absolutamente nenhuma promessa de vida eterna, ou de libertação ou proteção da morte eterna, senão àquelas que estão contidas na aliança da graça – as promessas concedidas em Cristo, no qual todas as promessas são o sim e o amém. Mas obviamente os que não são filhos da aliança da graça não têm interesse na mesma, pois não crêem em nenhuma das suas promessas, e nem têm o menor interesse no Mediador dessa aliança.
Portanto, apesar de tudo que os homens possam imaginar ou pretender sobre promessas de salvação, devido suas lutas pessoais e buscas incessantes, deixamos claro e manifesto que qualquer desses esforços ou orações que se façam em relação à religião, será inútil. A não ser que creiam em Cristo, o Senhor, de modo nenhum Deus está obrigado a conservá-los fora da condenação eterna.
Então, os homens impenitentes estão detidos nas mãos de Deus por cima do abismo do inferno. Eles merecem o lago de fogo e para ele estão destinados. Deus se acha terrivelmente irritado. Seu furor para com eles é tão grande quanto para com aqueles que já estão agora sofrendo o suplício da fúria de sua ira no inferno. Esses ímpios não fizeram absolutamente nada para abrandar ou diminuir sua cólera, portanto o Senhor não está de modo algum preso a qualquer promessa de livramento, nem por um momento sequer. O diabo espera por eles, o inferno já escancarou a sua boca para tragá-los. O fogo latente em seus corações agrava-se agora querendo explodir. E como continuam sem o menor interesse no Mediador, não existem meios, ao alcance deles, que lhes possa dar segurança. Em suma, eles não têm refúgio e nada onde se segurar. O que os retém a cada instante é a absoluta boa vontade divina e a clemência sem compromisso, sem obrigação, de um Deus enraivecido.

Aplicação
Essa mensagem pode despertar as pessoas não convertidas para o significado do perigo que estão correndo. Isso que vocês escutaram é o caso de todo aquele que não está em Cristo. Esse mundo de tormento, isto é, o lago de enxofre incandescente, está aberto debaixo de vossos pés. Ali se encontra o terrível abismo de chamas que ardem com a fúria de Deus, e o inferno com sua imensa boca escancarada. E vocês não têm onde se apoiarem, nem coisa alguma onde se segurarem. Não existe nada entre vocês e o inferno, senão o ar, e só o poder e o favor de Deus podem vos suster.
 
Provavelmente vocês não têm consciência dessas coisas, acham que vão conseguir se livrar do inferno, e não vêem nisso tudo a mão de Deus. E olham as coisas ao seu redor, como o bom estado de vossa saúde física, os cuidados que tomam de vossas vidas, e os meios que usam para vossa própria preservação. Mas essas coisas não representam nada. Se Deus retirasse sua mal, elas de nada valeriam para impedir-vos a queda; elas valem tanto como a brisa tênue que tenta sustentar uma pessoa no ar.
 
Vossas iniqüidades vos fazem pesados como chumbo, pendentes para baixo, pressionados em direção ao inferno pelo próprio peso, e se Deus permitisse que caíssem vocês afundariam imediatamente, desceriam com a maior rapidez, e mergulhariam nesse abismo sem fundo. Vossa saúde, vossos cuidados e prudência, vossos melhores planos, toda a vossa retidão, de nada valeriam para sustentar-vos e conservar-vos fora do inferno. Seria como tentar segurar uma avalancha de pedras com uma teia de aranha. Se não fosse a misericórdia de Deus, a terra não suportaria vocês por um só momento, pois são uma carga para ela. A natureza geme por causa de vocês. A criação foi obrigada a se sujeitar à escravidão, involuntariamente, por causa da vossa corrupção. Não é com prazer que o sol brilha sobre vocês, para que sua luz vos alumie para pecarem e servirem a satanás. A terra não produz de bom grado os seus frutos para satisfazer vossa luxuria. Nem está disposta a servir de palco à exibição de vossas iniqüidades. Não é voluntariamente que o ar alimenta vossos corpos, mantendo viva a chama dos vossos corpos, enquanto vocês gastam a vida servindo os inimigos de Deus. As coisas criadas por Deus são boas e foram feitas para o homem, por meio delas, servisse ao Senhor. Não é com prazer que prestam serviço a outros propósitos, e gemem quando são ultrajadas ao servirem objetivos tão contrários à sua finalidade e natureza. E a própria terra vomitaria vocês se não fosse a mão soberana d'Aquele a quem vocês tanto tem ofendido. Eis aí as nuvens negras da ira de Deus pairando agora sobre vossas cabeças carregadas por uma tempestade ameaçadora, cheia de trovões. Não fosse a mão restringidora do Senhor, elas arrebentariam imediatamente sobre vocês. A misericórdia soberana de Deus, por enquanto, refreia esse vento impetuoso, do contrário ele sobreviria com fúria, vossa destruição ocorreria repentinamente, e vocês seriam como palha dispersada pelo vento.
 
A ira de Deus é como grandes águas represadas que crescem mais e mais, aumentam de volume, até que encontram uma saída. Quanto mais tempo a correnteza for reprimida, mais rápido e forte será o seu fluxo ao ser liberada. É verdade que até agora ainda não houve um julgamento por vossas obras más. A enchente da vingança de Deus encontra-se represada. Mas, por outro lado, vossa culpa cresce dava dez mais, e dia a dia vocês acumulam mais e mais ira contra si mesmos. As águas estão subindo continuamente, fazendo sua força aumentar mais e mais. Nada, a não ser a misericórdia de Deus, detém as águas, as quais não querem continuar represadas e forçam uma saída. Se Deus retirasse sua mão das comportas, elas se abririam imediatamente e o mar impetuoso da fúria e da ira de Deus iria se precipitar com furor inconcebível, e cairia sobre vocês com poder onipotente. E mesmo que vossa força fosse dez mil vezes maior do que é, sim, dez mil vezes maior do que a força do mais forte e vigoroso diabo do inferno, não valeria nada para resistir ou deter a ira divina.
 
O arco da ira de Deus já está preparado, e a flecha ajustada ao seu cordel. A justiça aponta a flecha para vosso coração, e estica o arco. E nada, senão a misericórdia de Deus – um Deus irado! – que não se compromete e a nada se obriga, impede que a flecha se embeba agora mesmo do vosso sangue. Assim estão todos vocês que nunca experimentaram uma transformação real em vossos corações pela ação poderosa do Espírito do Senhor em vossas almas – todos vocês que não nasceram de novo, nem foram feitos novas criaturas, ressurgindo da morte do pecado para um estado de luz, e para uma vida nova nunca experimentada antes. Por mais que vocês tenham modificado a conduta em muitas coisas, e tenham possuído simpatias religiosas, e até mantido uma forma pessoal de religião com vossas famílias e em particular, indo à casa do Senhor, sendo até severos quanto a isso, mesmo assim vocês estão nas mãos de um Deus irado. Somente sua misericórdia vos livra de ser, agora, neste momento, tragados pela destruição eterna. Por menos convencidos que vocês estejam agora quanto às verdades ouvidas, no porvir serão plenamente convencidos. Aqueles eu já se foram, e que estavam na mesma situação que a vossa, percebem que foi exatamente isso que lhes aconteceu, pois a destruição caiu de repente sobre muitos deles, quando menos esperavam, e quando mais afirmavam vier em paz e segurança. Agora eles vêem que aquelas coisas nas quais puseram sua confiança para obter paz e segurança eram nada mais que uma brisa ligeira e sombras vazias.

O Deus que vos mantém acima do abismo do inferno vos abomina; ele está terrivelmente irritado e seu furor contra vocês queima como fogo. Ele vê vocês como apenas dignos de serem lançados no fogo. E seus olhos são tão puros que não podem tolerar tal visão. Vocês são dez mil vezes mais abomináveis a seus olhos do que é a mais odiosa das serpentes venenosas para olhos humanos. Vocês o têm ofendido infinitamente mais do que qualquer rebelde obstinado ofenderia a um governante. No entanto, nada, a não ser a sua mão, pode impedir-vos de cair no fogo a qualquer momento. O fato de vocês não terem ido para o inferno a noite passada e de terem tido permissão para acordar ainda aqui neste mundo, depois de terem fechado os olhos ontem para dormir, atribui-se ao mesmo favor. Não existe outra razão porque vocês não foram lançados no inferno ao se levantarem pela manhã, a não ser o fato da mão de Deus ter-vos sustentado. E não existe outra razão porque vocês não caiam no inferno neste exato momento.
 
Oh!, pecador, pense no perigo terrível que se encontra! É sobre uma grande fornalha de furor, sobre um abismo imenso e sem fim, cheio do fogo da ira, que você está pendurado, seguro pela mão de Deus, cujo furor acha-se tão inflamado contra você, como contra muitas pessoas já condenadas no inferno. Você está suspenso por uma linha tênue, com as chamas da cólera divina lampejando à tua volta, prontas para atearem fogo e queimar-te por inteiro. E você continua sem interesse no Mediador, sem nada onde se agarrar para poder se salvar, nada que possa afastar as chamas da cólera divina, nada de teu próprio, nada que tenha feito ou possa vir a fazer, para persuadir o Senhor a poupar tua vida por um minuto sequer. Considere, então, mais detidamente, vários aspectos dessa cólera que te ameaça com tão grande perigo.
 
1. A quem pertence essa ira? É a ira do Deus infinito. Se fosse somente a ira humana, mesmo a do governante mais poderoso, comparativamente seria considerada como coisa pequena. A ira dos reis é bastante temida, principalmente dos monarcas absolutos, que possuem os bens e as vidas de seus súditos inteiramente sob o seu poder, para serem usados quando bem entenderem. "Como o bramido do leão é o terror do rei; o que lhe provoca a ira peca contra a sua própria vida." (Pv 20.2). O súdito que enfurece este tipo de governante arbitrário, sofre os maiores tormentos que se possa conceber, ou que o poder humano possa infligir. Porém, os maiores principados da terra, em toda a sua grandeza, majestade e poder, mesmo revestidos de seus grandes terrores, não são mais do que vermes débeis e desprezíveis que rastejam no pó, quando comparados com o grande e todo-poderoso criador e rei dos céus e da terra. Mesmo quando estão enraivecidos e sua fúria chega ao máximo, é muito pouco o que podem fazer. Os reis da terra são, perante Deus, como gafanhotos. Valem menos que nada. Tanto o seu amor quanto o seu ódio são desprezíveis. A ira do grande Rei dos reis é muito mais terrível do que a deles, tal como é maior a sua majestade. "Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer". (Lc 12.4-5).

2. É à ferocidade de sua ira que vocês estão expostos. Lemos, com freqüência, sobre a ira de Deus, como por exemplo em Is 58.18. "Segundo as obras deles, assim retribuirá; furor aos seus adversários." E também em Is 66.15 "Porque, eis que o Senhor virá em fogo, e os seus carros como um torvelinho, para tornar a sua ira em furor, e a sua repreensão em chamas de fogo." E assim é em muitos outros lugares da Bíblia. Lemos também em ap 19.15: "... o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso." Essas palavras são incrivelmente aterradoras. Se estivesse escrito apenas a "ira de Deus", isso já nos faria supor algo bastante temível. Mas está escrito "o furor da ira de Deus", ou seja, a fúria de Deus, o furor de Jeová! Oh!, quão terrível deve ser esse furor! Quem pode exprimir ou conceber o que essas palavras contêm? Mas não é apenas isso que está escrito, e sim "o furor da ira do Deus Todo-Poderoso." Essas palavras dão a entender que uma grande manifestação de seu poder onipotente vai acontecer. Através dela ele infligirá aos homens todo o furor de sua ira. Assim como os homens costumam manifestar sua própria força através do furor de sua ira, a onipotência divina irá, da mesma forma, se enfurecer e se manifestar. Então, qual será a conseqüência de tudo isso? O que será do pobre verme que vier a sofrer todo este mal? Que mão serão tão fortes, e que coração conseguirá suportar tanto furor? A que terrível, inexprimível, inconcebível abismo de miséria irá chegar a pobre criatura humana que será vítima disso tudo!
Pensem bem, vocês que estão aqui agora, e que permanecem em estado pecaminoso. O fato de Deus vir a efetivar o furor da sua ira, torna implícito que ele infligirá esse castigo sem compaixão. Quando Deus olhar a indescritível aflição do vosso estado, e vir como vossos tormentos são absolutamente desproporcionais à vossa força, e como vossas pobres almas estão esmagadas, imersas em trevas eternas, não terá compaixão de vocês, não ira deter a execução de sua ira, ou, de forma alguma, tornar mais leve sua mão. Nessa hora Deus não usará de misericórdia para com vocês, nem conterá seu vento impetuoso. Ele não terá consideração para com o vosso bem estar, e nem irá evitar que vocês sofram. Na verdade, fará com que sofram na medida exata que sua rigorosa justiça vier a requerer. Nada será modificado só pelo fato de ser difícil para vocês suportarem. "Pelo que também eu os tratarei com furor; os meus olhos não pouparão, nem terei piedade. Ainda que me gritem aos ouvidos em alta voz, nem assim os ouvirei." (Ez 8.18). Deus está pronto, agora, a usar de compaixão com vocês. Hoje é o dia da misericórdia. Vocês podem clamar neste instante, e ter esperanças de alcançar sua graça. Mas quando o dia da misericórdia passar, vosso lamento, o pranto mais doloroso, os gritos, serão em vão. No que diz respeito ao vosso bem estar, vocês estarão completamente perdidos e alienados de Deus. O Senhor não terá outra opção senão a de entregar-vos ao sofrimento e à miséria. E vocês continuarão não tendo outra perspectiva, pois serão vasos de ira, preparados para a destruição. Não haverá outro uso qualquer para tais vasos, senão o de enchê-los da ira de Deus. Quando clamarem ao Senhor, ele estará tão longe de consolar-vos que, inclusive, está escrito a este respeito que Deus irá, simplesmente, 'rir e zombar' de vocês (Pv 1.25-26).
Vejam quão terríveis são estas palavras do grande Senhor: "O lagar eu o pisei sozinho, e dos povos nenhum homem se achava comigo; pisei as uvas na minha ira; no meu furor as esmaguei, e o seu sangue me salpicou as vestes e me manchou o traje todo." (Is 63.3). É quase impossível se conceber palavras que tragam em si uma manifestação maior destas três coisas: desprezo, ódio e fúria de indignação. Se clamarem a Deus por consolo, ele estará longe de querer vir consolar-vos, ou de querer demonstrar-vos interesse ou favor. Ao contrario, o Senhor simplesmente irá esmagar-vos sob seus pés. E apesar de saber que, ao pisotear-vos, vocês não poderão suportar o peso de sua onipotência, ainda assim ele não vai se importar, e irá esmagar-vos debaixo de seus pés, sem piedade, espremendo o vosso sangue e fazendo com que o mesmo espirre longe, manchando suas vestes, maculando seu traje. Ele não só irá odiar-vos, como devotará a vós o maior desprezo. Lugar algum será considerado próprio para vocês, a não ser debaixo de seus pés, para serem pisados como a lama das ruas.
3. A miséria a que vocês estão sujeitos é aquela que Deus vos infligirá, a fim de demonstrar a força da ira do Senhor, Deus tem em seu coração a intenção de mostrar aos anjos e aos homens, não só a excelência do seu amor, como a severidade de seu furor. Às vezes os governantes da terra resolvem mostrar a força de sua ira através de castigos extremos que mandam infligir sobre aqueles que os enfurecem. Nabucodonosor, o poderoso e arrogante rei do império dos caldeus, demonstrou seu furor quando, ao se irritar com Sadraque, Mesaque e Abdenego, ordenou que se acendesse a fornalha de fogo ardente sete vezes mais do que o normal. Como era de se esperar, a fornalha foi aquecida intensamente, até atingir o mais alto grau que poderia produzir. O grande Deus também quer revelar a sua ira, e exaltar sua tremenda majestade e grandioso poder através dos sofrimentos desmedidos de seus amigos. "Que diremos, pois, se Deus querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos da ira, preparados para a perdição." (Romanos 9.22). E visto que esse é o seu desígnio e o que ele determinou, ou seja, mostrar quão terrível e ilimitada é a ira, a fúria e a indignação do Senhor, ele o mostrará realmente. Será realizado algo horrendo, muito terrível. Quando o grande e furioso Deus tiver se levantado e executado sua terrível vingança sobre o mísero pecador, e o desgraçado estiver sofrendo o peso e o poder infinito de sua indignação, então Deus chamará o universo inteiro para contemplar a imensa majestade e o tremendo poder que nele existe. "Os povos serão queimados como se queima a cal, como espinhos cortados arderão no fogo." "Ouvi vós os que estais longe, o que tenho feito; e vós, que estais perto, reconhecei o meu poder. Os pecadores em Sião se assombram, o tremor se apodera dos ímpios; e eles perguntam: quem dentre nós habitará com o fogo devorador? Quem dentre nós habitará com chamas eternas?" (Isaías 33.12-14).
Assim será com vocês que não são convertidos, se permanecerem neste estado. O poder infinito, a majestade e a grandiosidade do Deus onipotente serão exaltados em vocês através da inexprimível força dos tormentos que vos sobrevirão. Vocês serão atormentados na presença dos santos anjos e na presença do Cordeiro. E quando estiverem nesse estado de sofrimento, os gloriosos habitantes do céu sairão para contemplar esse espetáculo horrendo, e verão como é a fúria do Todo-poderoso. E quando virem todas essas coisas, se prostrarão e adorarão seu grande poder e majestade. "E será que de uma lua nova à outra, e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor. Eles sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne." (Isaías 66.23-24).
4. É uma ira eterna. Já seria algo terrível sobre o furor e a cólera do Deus Todo-poderoso por um momento. Mas vocês terão de sofrê-la por toda a eternidade. Essa intensa e horrenda miséria não terá fim. Ao olhar para o futuro, vocês verão à frente uma interminável eternidade, de duração infinita, que irá devorar vossos pensamentos e assombrar vossas almas. E vocês irão se desesperar, com certeza, por não conseguirem nenhum livramento, termo, alívio ou descanso para tanta dor. Saberão também, que terão de sofrer até à última gota por longos séculos, por milhões e milhões de anos, lutando e pelejando contra essa vingança inclemente e todo-poderosa. Então, depois de passar por tudo isso, quando tantos séculos vos tiverem consumido, saberão que tudo não passa apenas de uma gota d'água quando comparado ao que ainda resta. Portanto, vosso castigo será, com certeza, infinito. Oh!, quem poderia exprimir o estado de uma alma em tais circunstâncias? Tudo o que pudermos dizer sobre o assunto, vai nos dar, apenas, uma débil e frágil visão da realidade. Ela é inexprimível, inconcebível, pois "Quem conhece o poder da ira de Deus?"
Que horrendo é o estado daqueles que diariamente, a cada hora, se encontram em perigo de sofrer tamanha ira e infinita miséria! Mas esse é o caso sinistro de toda alma que ainda não nasceu de novo, por mais moral, austera, sóbria e religiosa que seja. Queira Deus vocês pensassem em todas essas coisas, sejam jovens ou velhos. Há razões de sobra para acreditar que muitos daqueles que ouviram o evangelho certamente estarão expostos a esse tormento por toda a eternidade. Não sabemos quem são eles, nem o que pensam. Pode ser que estejam tranqüilos agora, escutando esta mensagem sem se perturbarem muito, e que estejam até se gabando de que, no caso deles, conseguirão escapar. Se soubéssemos que dentre os nossos conhecidos existe uma pessoa, uma só, sujeita a sofrer tal tormento como seria doloroso para nós encarar o assunto. Se conhecêssemos essa pessoa, sempre que a víssemos uma tal visão seria terrível para nós. Iríamos todos levantar grande choro, e prantear por sua causa. Mas, infelizmente, em vez de uma pessoa só, é provável que muitos se lembrem destas exortações somente no inferno! E inúmeras pessoas podem estar no inferno em breve tempo, antes mesmo do ano terminar. E aqueles que estão agora com saúde, tranqüilos e seguros, podem chegar lá antes do amanhecer. Todos os que dentre vocês continuarem até o fim em estado natural pecaminoso, e que conseguirem ficar fora do inferno por mais tempo, estarão lá também em breve. Sua condenação não tardará; virá de súbito, e provavelmente para muitos de vocês, de maneira repentina. Vocês têm toda razão em se admirarem de não estar ainda no inferno. É ocaso, por exemplo, de alguns conhecidos seus, que não mereciam o inferno mais do que vocês e que antes aparentavam ter possibilidade de estarem vivos agora tanto quanto vocês. Para o caso deles já não há esperança. Estão clamando lá em extrema penúria e perfeito desespero. Mas aqui estão vocês, na terra dos vivos, cercados pelos meios de graça, tendo a grande oportunidade de obter a salvação. O que não dariam aquelas pobres almas condenadas, desesperadas, pela oportunidade de viver mais um só dia, como que vocês desfrutam neste momento!
E agora vocês têm uma excelente ocasião. Hoje é o dia em que Cristo abre as portas da misericórdia de par em par, e se coloca de pé clamando e chamando em alta voz aos pobres pecadores. Este é o dia em que muitos estão se reunindo a ele, se apressando em chegar ao reino de Deus. Inúmeros estão vindo diariamente do norte, sul, leste e oeste. Muitos que estavam até bem pouco tempo nas mesmas condições miseráveis que vocês estão felizes agora, com os corações cheios de amor por Aquele que os amou primeiro, e os lavou de seus pecados com seu próprio sangue, regozijando-se na esperança de ver a glória de Deus. Como é terrível ser deixado para trás num dia assim! Ver os outros se banqueteando, enquanto vocês estão penando e se definhando! Ver os outros se regozijando e cantando com alegria no coração, enquanto vocês só têm motivos para prantear por causa do sofrimento de seus corações, e de lamentar por causa das aflições e vossas almas! Como podem vocês descansar por um momento sequer em tal estado de alma? Será que vossas almas não são tão preciosas como as almas daqueles que, dia a dia, estão se juntando ao rebanho de Cristo?
Não existem, porventura, muitos que, apesar de estarem há longo tempo neste mundo, até hoje não nasceram de novo, e por isso são estranhos à comunidade de Israel, e nada têm feito durante a vida, a não ser acumular ira sobre ira para o dia do castigo? Oh! senhores, o caso de vocês é, sem dúvida, extremamente perigoso. A dureza de vossos corações e a vossa culpa são imensas. Acaso vocês não vêem como geralmente pessoas de vossa idade são deixadas para trás na dispensação da misericórdia de Deus? Vocês precisam refletir e despertar de vosso sono, pois jamais poderão suportar a fúria e a ira do Deus infinito. E vocês que são rapazes e moças, irão negligenciar este tempo precioso que desfrutam agora, quando tantos outros jovens de vossa idade estão renunciando às futilidades da juventude e acorrendo céleres a Cristo? Vocês têm neste momento uma oportunidade, mas se a desprezarem, sucederá o mesmo que agora está acontecendo com todos aqueles que gastaram em pecado os dias mais preciosos de sua mocidade, chegando a uma terrível situação de cegueira e insensibilidade. E vocês crianças, que não se converteram ainda, não sabem que estão indo para o inferno onde sofrerão a horrenda ira daquele Deus que agora está encolerizado contra vocês dia e noite? Será que vocês ficarão felizes em ser filhos do diabo, quando tantas outras já se converteram e se tornaram filhos santos e alegres do Rei dos reis?
Queira Deus todos aqueles que ainda estão fora de Cristo, pendentes sobre o abismo do inferno, quer sejam senhoras e senhores idosos, ou pessoas de meia idade, quer jovens ou crianças, que possam dar ouvidos agora aos chamados da Palavra e da providência de Deus. Este ano aceitável do Senhor que é um dia de grandes misericórdias para alguns, sem dúvida será um dia de extremo castigo para outros. Quando negligenciam suas almas os corações dos homens se endurece, e a sua culpa aumenta rapidamente. Podem estar certos, porém, que agora será como foi nos dias de João Batista. O machado está posto à raiz das árvores; e toda árvore que não produz fruto, deve ser cortada e lançada no fogo.
Portanto, todo aquele que está fora de Cristo, desperte e fuja da ira vindoura. A ira do Deus Todo-poderoso paira agora sobre todos os pecadores. Que cada um fuja de Sodoma: " Livra-te, salva a tua vida; não olhes para trás, nem pares em toda a campina; foge para o monte, para que não pereças ."
“E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos aos homens”. “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus”. (II Coríntios 5.11-20; 6.2). “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” . (Isaías 55.6-7). 
 
Amém.

Sofrimentos que Vem do Senhor


Filipenses 1:29 - Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele,

Queridos, padecer pela causa cristã é tão difícil; ao mesmo tempo, é profundamente gratificante. Quando decidimos firmemente viver os propósitos de Deus, podemos ter a certeza de que estaremos entrando numa região onde conforto e paz não são as palavras mais corriqueiras.

E, não quero que você seja um super-homem (ou uma mulher-maravilha), imune a sentimentos e emoções. Num dia desses, enquanto orava a noite, eu literalmente “desabei” na presença de Deus. Descabelei-me, senti angústia, e emoções fortes demais para mim. Foi preciso o Senhor me dar uma injeção daquelas de ânimo, para que eu conseguisse dormir, pois as provações não tem sido fáceis.

Acordei no dia seguinte ‘mais’ confortado. Senti minhas forças se renovando, mas continuava pensando nas lutas. A graça de Deus implica em também compartilhar dos sofrimentos que Cristo teve, e se o caminho da provação me trouxer recompensa espiritual, serei vitorioso suportando fielmente. Você também querido, esteja firme com o Pai, a vitória está do outro lado da tribulação, logo após o temporal virá a bonança!

Pr. Roberto

A Salvação Vem do Senhor

Salmo 3
Salmo de Davi, quando fugiu de diante da face de Absalão, seu filho.

1SENHOR, como se têm multiplicado os meus adversários! São muitos os que se levantam contra mim.
2 Muitos dizem da minha alma: Não há salvação para ele em Deus. (Selá).
3 Mas tu, Senhor, és um escudo para mim, a minha glória, e o que exalta a minha cabeça.
4 Com a minha voz clamei ao Senhor, ele ouviu-me desde o seu santo monte. (Selá).
5 Eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou.
6 Não terei medo de dez milhares de pessoas que se puseram contra mim ao meu redor.
7 Levanta-te, Senhor; salva-me, Deus meu, pois feriste a todos os meus inimigos nos queixos; quebraste os dentes aos ímpios.
8 A salvação vem do Senhor; sobre o teu povo seja a tua bênção. (Selá).
Introdução
 
A. Há várias classificações quanto aos salmos: Salmos Penitencias, Salmos Didáticos, Salmos Mistos, Salmos de Confiança, Salmos de Sabedoria, Salmos Litúrgicos, Salmos Reais, Salmos de Ação de Graças, Salmos de lamentação, etc.
B. O Salmo 3 é um Salmo de lamentação; esta é a categoria que reúne o maior número de salmos.
C. O Salmo de Lamentação enfoca: postura contra falsas afirmações , contra inimigos do corpo, isto é, doenças. Alguns terminam com um grito de desespero e outros com um grito de vitória.
D. Este termina, com um grito de vitória: A SALVAÇÃO VEM DO SENHOR!
E. Em meio aos lamentos do homem hodierno, refletiremos à Luz da Palavra de Deus sobre este grito de vitória que sairá de nossa garganta nesta noite!
 
I. O CONTEXTO HISTÓRICO
 
1. Este SALmo diz respeito ao momento em que Absalão  perseguia ao pai, o Rei Davi para usurpar o seu trono.
2. O rei Davi fala acerca da multiplicação de seus inimigos diante dele.
3. A situação reflete desespero tamanho que faria um homem perecer, se não cresse na Proteção Divina.
4. Muitos inimigos faziam ameaças, sedentos por matar.
5. Eles confiavam que o homem posto em fuga não tinha chance alguma de se salvar e caçavam-no como um animal.
6. Vários salmos falam de homens avassaladores que ameaçavam matar e ferir  a outros .
7. Homens ímpios que oprimem e atacam são chamados de perseguidores (Sl.7.1), odiadores (Sl.35.19), os que buscam matar (Sl.40.14), malfeitores (Sl.64.2).
8. Davi afirma: Muitos dizem da minha alma: Não há salvação para ele em Deus.
9. Muitos inimigos tinham certeza de que seriam os executores de Davi, porquanto viam a sua vítima tão impotente perante eles e sem chance de receber Ajuda Divina.
10. Muitos contra um só provocam total desespero.
11. Os inimigos ignoravam qualquer poder em Deus que pudesse salvar a Davi.
12. Estou sozinho, não há ninguém por mim.
 
II. REVELAÇAO DIVINA
 
1. Diante das trevas que envolvem a Davi, surge Aquele que é a Luz deste mundo.
2. Deus traz LUZ ao coraçao de Davi: O Senhor é o meu ESCUDO!
3. Embora perseguido por homens violentos, matadores frios, Davi confiava em seu Deus.
4. Em seu desespero, invocou ao Senhor, como seu ESCUDO E PROTEÇAO!
5. Deus seria a sua glória,, conferindo a Davi, triunfo e alegria, ou seja, exultação em Seu livramento Divino.
6. A cabeça de Davi pendida em temor e tristeza, erguer-se-ia em triunfo.
7. A frase “e o que exaltas a minha cabeça” é energicamentesugestiva e faz-nos pensar sobre o poder da Cruz para restaurar a esperança através do perdão.
8. No batistério de Florença há uma estatua de Maria Madalena. Ela ali é retratada como uma mulher aos trapos, mas a sua cabeça está erguida e, em seus olhos, há uma esperança extraordinária, embora desesperada. Foi o momento em que ela descobriu o Salvador de sua vida!
9. A cruz ela ergue a cabeça
10. Escudo – O Senhor era o seu ESCUDO e ponto final.
  
III. A PETIÇAO
 
1. Com a minha voz clamo ao Senhor.
2. Há um hino evangélico que diz: Senhor, ajuda-me a passar a noite.
3. Um outro que diz: Divino Companheiro...Tua Presença ...Sinto logo ao transitar...
4. Davi passou uma noite cheia de terríveis acontecimentos.
5. Entretanto, Jeová o conduziu através das trevas até o raiar de um novo dia.
6. Davi estava abatido, mas não vencido.
7. Quando ele atravessava o deserto, subindo pela colina santa de Sião , invocou a Jeová para que o Senhor visse a sua triste situação  e o livrasse.
8. Então ele deitou-se naquela longa noite, enquanto os seus inimigos se regozijavam em Jerusalém pela derrota já imposta a Davi.
9. A razão da explosão de Davi foi o livramento recebido naquela noite; e esta proteção foi um sinal do livramento completo que viria.
10. Deitei para dormi e me levantei, porque 0 Senhor me susteve.
11. Como Davi, Jesus dormiu no meio da tempestade, antecipando Seu sono no túmulo. Ele foi também capaz de exclamar: “Pai , em Tuas Mãos entrego o meu espírito...”
12. O Mar se aquietou e o vento calou-se. A sepultura não reteve a Jesus...Ele ressurgiu...Aleluia!
13. O lamento foi trocado pelo grito de vitória: Não terei medo de dez milhares de pessoas que se puseram contra mim ao meu redor.
14. Força e número nada são contra o Senhor!

IV. GRITO DE VITÓRIA

1. Levanta-Te, Senhor!
2. Do Senhor vem a salvação!
3. O que Lázaro poderia nos dizer nesta noite ? Bartimeu ? Maria Madalena ? Ladrão na Cruz ? Zaqueu ? Sadraque, Mesaque e Abedenegro ? José do Egito ?
4. A salvação vem do Senhor! Espera em Deus! Anima-te, Ele é o teu socorro verdadeiro!

CONCLUSÃO

1. A tempestade pode desencadear-se fortemente em sua vida.
2. Os seus inimigos podem marcar até a data de seu sepultamento, mas ninguém pode anular o socorro que vem da parte de Deus para a sua vida! Ele vem ao teu encontro! Ele vem te socorrer! Zaqueu, desce daí depressa, porque HOJE me convém pousar em tua casa. Serei teu hóspede! Vou fazer uma coisa poderosa em tua vida! Vou te salvar...Eu vim para buscar e salvar o que se havia perdido. Hoje, Eu marquei um encontro contigo. Os teus inimigos reclamam contra ti e contra o meu socorro para ti, mas nada pode impedir-Me de te socorrer nesta hora! Eu Sou o Teu Escudo! O teu Baluarte! O Teu Socorro! A Tua Vitória! Eu Sou contigo! Agindo Eu, quem me impedirá! Eu sou o Senhor Teu Deus!

Rev. Alberto Matos
Servo do Deus Altíssimo
 

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